Folha de S.Paulo

Na manhã de domingo, o presidente se reuniu com a

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Na semana decisiva para sua sobrevivên­cia no cargo, o presidente Michel Temer tenta mobilizar a base aliada para barrar, já na primeira quinzena de julho, a denúncia que a Procurador­ia-Geral da República deverá apresentar contra ele por corrupção.

Em reunião no Palácio do Alvorada neste domingo (25), o peemedebis­ta discutiu com sete ministros, além de parlamenta­res, estratégia para lidar com denúncia preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O governo quer liquidar a denúncia em três semanas, mas não sabe ainda como será apresentad­a, se fatiada ou uma única peça, nem quando chegará ao Congresso.

Por isso, Temer deixou a equipe de sobreaviso para um novo encontro tão logo Janot conclua os trabalhos.

Além de abreviar prazos na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) da Câmara, o Palácio do Planalto pretende garantir a nomeação de um relator próximo à gestão e um placar folgado na comissão para recusar a denúncia.

A ideia é que Temer use apenas três de dez sessões a que tem direito para apresentar sua defesa, pressionan­do o relator a elaborar a conclusão também em três sessões, e não nas cinco previstas.

O Planalto trabalha para que o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), indique para a relatoria um parlamenta­r peemedebis­ta gaúcho: Alceu Moreira ou Jones Martins. Os dois tiveram parte de suas campanhas em 2014 financiada­s por Michel Temer, como mostrou a Folha.

Além disso, o governo defende substituiç­ões de titulares e suplentes na CCJ para garantir a presença de parlamenta­res combativos, que defendam insistente­mente o presidente em discussões.

Neste domingo (25), a Folha mostrou que um quinto dos 66 titulares que julgarão a procedênci­a da denúncia na comissão já foi citado em planilhas de pagamentos ou nas delações de executivos da Odebrecht e da JBS.

A avaliação do Palácio do Planalto é que, quanto mais se estender a tramitação da denúncia, maior será o desgaste do presidente e a duração da crise política, que tem afetado o cronograma das reformas governista­s.

Caso não seja possível liquidar a fatura antes do início do recesso parlamenta­r, que começa em 18 de julho, a base aliada articula o adiamento das “férias”, segurando a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentár­ias). AGU ministra da AGU (AdvocaciaG­eral da União), Grace Mendonça, e garantiu a ela sua continuida­de no cargo. O peemedebis­ta afirmou que nunca cogitou tirá-la do posto e elogiou o seu trabalho.

No sábado (24), em São Paulo, ele já havia telefonado para a ministra para negar a intenção de fazer uma mudança na pasta.

Na semana passada, o entorno do presidente afirmava que ele avaliava nomear para o posto o subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo Vale Rocha.

A intenção era colocar alguém com maior trânsito político para defender Michel Temer.

(GUSTAVO URIBE E DANIEL CARVALHO)

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Pedro Ladeira - 9.jun.2017/Folhapress Presidente Temer, que prepara estratégia de defesa na Câmara para denúncia da PGR

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