FBI investiga interferência de Moscou em pleito
O presidente americano, Donald Trump, criticou seu antecessor, Barack Obama, por não ter agido diante da ingerência da Rússia nas eleições de 2016, algo sobre o qual o ex-chefe de Estado teria sido informado. Além de Trump, alguns democratas se somaram a estas críticas.
Em uma série de textos divulgados no fim de semana e em uma entrevista televisionada, Trump assinalou que Obama não agiu depois que a CIA o advertiu, em agosto de 2016, sobre os ataques cibernéticos contra o Partido Democrata ordenados pelo presidente russo, Vladimir Putin. A Rússia teria agido com o objetivo de prejudicar a candidata democrata, Hillary Clinton, e ajudar Trump a vencer as eleições.
“Já que o governo Obama foi avisado muito antes das eleições de 2016 sobre a interferência russa, por que não houve ações? Foquem neles, não em T [de Trump]”, publicou no sábado à noite.
Depois, fazendo alusão a uma reportagem publicada pelo “The Washington Post” na sexta (23), segundo o qual Obama foi informado sobre a ingerência russa, disse: “O funcionário da administração de Obama disse que foram ‘impedidos’ quando se tratou de agir sobre a intromissão da Rússia nas eleições. Não queriam ferir Hillary?”. ATAQUES Uma das principais assistentes de Trump, Kellyanne Conway foi ainda mais contundente. “A administração Obama é responsável por não fazer absolutamente nada de agosto a janeiro com a informação de que a Rússia estava interferindo em nossas eleições. Não fizeram nada. São responsáveis”, declarou no domingo à emissora ABC.
Alguns democratas assinalaram a grande ironia de ver o presidente republicano culpando Obama por sua falta de ação contra uma operação russa que o próprio Trump tentou minimizar por muito tempo, inclusive quando demitiu o então diretor do FBI James Comey por investigar “esta coisa da Rússia”.
Mas houve legisladores democratas que também criticaram neste domingo a falta de ação de Obama diante da ação de hackers de Moscou.
DONALD TRUMP
presidente dos EUA, sobre as notícias de que Barack Obama foi notificado em agosto sobre ciberataques do Kremlin
“Levando em conta a gravidade da situação, o governo teria que ter atuado mais para dissuadir e logo impor sanções à Rússia, porque é um erro grave”, declarou à emissora CNN Adam Schiff, líder dos democratas na Comissão de Inteligência da Câmara. Ele ponderou que entendia que Obama estivesse preocupado em não ser visto como “tentando inclinar a balança” a favor de Hillary.
Outro democrata, o senador Ron Wyden, membro do Comitê de Inteligência, expressou uma decepção similar. “Fico preocupado em saber que a administração Obama não fez mais”, disse à CNN na sexta, acrescentando que considera que assuntos desse tipo devem transcender a política partidária. AÇÃO RUSSA Em um relato sobre a resposta de Obama aos relatórios da ingerência russa, o “The Washington Post” publicou que, confiando na vitória de Hillary e com medo que uma ação sua fosse vista como interferência, a Casa Branca fez advertências a Moscou, mas deixou para tomar outras medidas para depois.
O “Post” reportou que Obama emitiu quatro advertências aos russos, incluindo uma feita diretamente a Putin. Isso fez com que Moscou retrocedesse em possíveis planos para sabotar as operações de votação nos Estados Unidos.
Mas, após a surpreendente vitória de Trump, alguns funcionários do governo Obama lamentaram a falta de ações mais duras. “Manejamos isto mal”, disse um exfuncionário ao jornal.
Em uma entrevista ao programa dominical “Fox and Friends”, Trump se queixou da resposta de Obama: “Se tinham essa informação, por que não fizeram nada? Teriam que ter feito algo. Mas não se lê isso, é muito triste”.
Após a vitória de Trump, Obama anunciou em 29 de dezembro uma série de sanções contra a Rússia por este caso, principalmente a expulsão de 35 diplomatas considerados agentes russos.
DE SÃO PAULO
O FBI (polícia federal americana) e o Congresso dos Estados Unidos atualmente investigam os indícios de conluio entre assessores da campanha de Donald Trump e autoridades da Rússia durante a eleição presidencial de 2016.
A principal suspeita é que o líder russo, Vladimir Putin, seja responsável por ordenar ciberataques contra o Partido Democrata, provocando o vazamento de e-mails para prejudicar a candidatura de Hillary Clinton à Presidência.
As mensagens divulgadas revelaram trechos de palestras ministradas por Hillary a bancos, com opiniões favoráveis ao mercado financeiro, em contraste com o discurso dela na campanha.
O interesse de Putin por trás da interferência no pleito americano seria tentar colocar na Casa Branca alguém com menos restrições à Rússia do que a administração do democrata Barack Obama.
Durante a campanha, Trump demonstrou a vontade de reduzir o isolamento da Rússia e não escondeu sua simpatia por Putin, classificando-o de “grande líder”.
Mais tarde, a imprensa revelou que assessores do republicano mantiveram contatos secretos com autoridades russas antes na campanha eleitoral.
Um deles, Michael Flynn, teve de renunciar ao cargo de conselheiro de Segurança Nacional em fevereiro após ser revelado que ele havia mentido a seus superiores sobre ter discutido com o embaixador russo em Washington o possível levantamento de sanções contra Moscou.
Segundo o jornal “The Washington Post”, o próprio Trump passou a ser alvo de investigação após a revelação de que ele teria pedido ao FBI o fim do inquérito contra Flynn.
Opositores acusam o presidente de obstrução da Justiça, crime passível de impeachment.
Em resposta à suposta interferência eleitoral, o Congresso americano recentemente aprovou sanções contra a Rússia.
A Casa Branca e o Kremlin negam as acusações de conluio na campanha.
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Já que o governo Obama foi avisado muito antes das eleições de 2016 sobre a interferência russa, por que não houve ações? Foquem neles, não em T [de Trump]