Repressão policial impede parada gay turca
Polícia disparou balas de borracha contra participantes; governo alegou questão de segurança para proibir marcha
Este é o terceiro ano em que as autoridades proíbem o evento; pelo menos quatro pessoas foram detidas no local
A polícia turca utilizou balas de borracha neste domingo (25) para impedir a realização da Parada do Orgulho Gay em Istambul, que já havia sido proibida pelas autoridades do país, que alegaram motivos de segurança.
Os policiais atiraram contra pelo menos 40 manifestantes nas imediações da Praça Taksim, em Istambul.
Pequenos grupos de manifestantes se reuniram na praça, mas o número de policiais era maior que o de ativistas, de acordo com testemunhas. Pelo menos quatro pessoas foram detidas.
Este é o terceiro ano consecutivo em que as autoridades proíbem a manifestação.
Os organizadores do evento criticaram o veto oficial.
“Não estamos assustados, estamos aqui, não mudare- mos”, afirmou em um comunicado o comitê que organiza a marcha na cidade.
“Vocês estão assustados, vocês mudarão e se acostumarão a isso (...). Estamos aqui mais uma vez para mostrar que lutaremos de maneira determinada por nosso orgulho”, completaram.
Em 2014, a Parada do Orgulho Gay de Istambul atraiu milhares de pessoas e se tornou um dos maiores eventos LGBTI (lésbicas, gays, transexuais, bissexuais e intersexuais) do Oriente Médio.
A marcha não ocorre em Istambul desde 2015, quando, segundo a associação LGBTI, as autoridades a proibiram porque ela coincidia com o mês do Ramadã.
Em 2016, a manifestação foi proibida alegando motivos de segurança, já que o país acabava de sofrer vários atentados relacionados ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) e a movimentos separatistas curdos. REPRESSÃO A polícia utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha nos últimos anos para dispersar os manifestantes que não aceitaram a proibição.
Este ano, o desfile coincide com o Eid al Fitr, que marca o fim do Ramadã, o mês do jejum sagrado muçulmano.
Antes de a prefeitura de Istambul anunciar a proibição, vários grupos conservadores fizeram ameaças contra os organizadores da marcha.
Críticos acusam o presidente Recep Tayyip Erdogan de liderar um processo de radicalização religiosa da Turquia desde que chegou ao poder em 2003.
Seus comentários conservadores sobre sexo e família revoltaram os ativistas, apesar de Erdogan sempre evitar falar em público sobre questões relacionadas com a homossexualidade.