Folha de S.Paulo

Há uma melhoria da economia. Mais lenta do que se esperava, mas há. A questão é

-

Há estratégia empresaria­l em concentrar as operações no centro da cidade?

Estamos em Campos Elíseos há mais de 40 anos e crescemos aqui. Não foi planejado, só a forma de se organizar. Mas muitas empresas saíram por temer danos à imagem.

A deterioraç­ão veio em duas ondas, em 1940 e em 1960. É um processo invisível, você não percebe ela se instalando, é muito sutil. A Porto chegou aqui em 1977, e fomos ficando. Por que, além de ficar, construíra­m e investiram mais?

Tenho 10 mil pessoas trabalhand­o aqui, mas às 18h ficava tudo vazio. Com o teatro e o espaço cultural, passou a haver atividade de terça a domingo. Até as 23h chega gente, está tudo iluminado, carro que entra e sai, taxista.

Se fizermos mais atividades, mais pessoas virão, e isso vai criando vida para o bairro. Atrai os moradores?

Por incrível que pareça, não consigo atrair o funcionári­o. Só 10%. Achávamos que ia haver fila. É o nosso desafio. A cracolândi­a não preocupa?

Pontos como esse existem na Vila Leopoldina e outros bairros. Em algum momento isso vai se encaminhar, pois não pode ficar desse jeito. Como encaminhar?

Realmente é um drama. Quando há harmonia entre prefeitura e governo estadual, eles concatenam projetos. Quando não há, piora. Fica nesse efeito sanfona.

A solução que tem que ser articulada e apartidári­a. A recente intervençã­o na cracolândi­a afetou o grupo?

Muito mais no medo que gera nas pessoas que do ponto de vista prático. Tentamos tanto fazer as pessoas aproveitar­em o centro de São Paulo, dizemos “pode vir que é tranquilo”. Ele chega aqui e está essa confusão toda. A prefeitura avisou sobre as intervençõ­es?

Como somos muito atuantes na região, os prefeitos sempre vêm conversar sobre o bairro. O prefeito [João] Doria [PSDB] tem pedido apoio da iniciativa privada e o que a gente diz é que precisamos ter uma visão clara do projeto.

Não adianta ficar fazendo apoios a iniciativa­s completame­nte isoladas. “Ah, pinta um viaduto, ajuda a recuperar um imóvel”, no que isso resulta?

Se houver projeto e entendermo­s que agrega valor, estamos dispostos a apoiar.

O maior fiscalizad­or tem que ser o cidadão, que está na rua e paga imposto. Mas, em função da crise institucio­nal, moral, há uma desconexão entre o cidadão e os órgãos competente­s. Hoje, 43 funcionári­os voluntário­s percorrem 30 e poucos quarteirõe­s, anotam luz apagada, calçada quebrada, lixo jogado na rua e encaminham já para as empresas diretament­e combinadas, Qual a crise moral que citou?

Tudo o que estamos vendo no país nos últimos dois anos. As pessoas estão indignadas, mas ao mesmo tempo estão discutindo política em qualquer nível, em qualquer lugar.

Isso está trazendo agentes novos. As empresas aposentam as pessoas aos 63, e o que eu faço dos 60 aos 80? Vai para a política! Vai fazer alguma coisa, né? Fica todo mundo reclamando, vamos ser mais protagonis­tas. Muitas pessoas com experiênci­a em gestão começam a se interessar em querer resolver o problema.

O prefeito Doria tem pedido apoio da iniciativa privada, e o que a gente diz é que precisamos ter uma visão clara do projeto. Não adianta ficar fazendo apoios a iniciativa­s completame­nte isoladas

Qual seria o estímulo?

Para ter um bom executivom­inistro, boa remuneraçã­o —mas associada aos entregávei­s. Quanto melhor faz a pasta, mais a ganhar. Que fique milionário, mas é justo. O sr. falou em novos atores nas eleições. O que espera?

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil