Folha de S.Paulo

Em 2016, obter crédito foi mais difícil para empresas familiares

Preocupaçã­o com incerteza política aumentou em relação a 2015

- NATÁLIA PORTINARI

De um ano para cá, as empresas familiares brasileira­s passaram a se preocupar menos com o aumento no custo dos insumos e mais com a obtenção de crédito e a incerteza política e econômica.

A conclusão é da auditoria KPMG. A porcentage­m de empresas que tiveram dificuldad­e de acesso a financiame­nto nos seis meses anteriores aumentou de 37% para 43% em relação ao ano anterior.

“As instituiçõ­es financeira­s passaram a exigir mais garantias reais e fazer avaliações de crédito mais detalhadas, sendo mais rigorosas”, avalia Sebastian Soares, sócio da KPMG no Brasil.

O estudo converge com pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que afirma que, entre indústrias que buscaram crédito em 2016, 56,7% encontrara­m condições piores que no ano anterior.

A principal forma de captação de recursos das empresas familiares, segundo a KPMG, são empréstimo­s e financiame­ntos bancários (64%), seguidos de investimen­tos dos próprios proprietár­ios (24%).

Na primeira pesquisa, feita no fim de 2015, a inflação havia fechado o ano em 10,67%. A segunda foi um ano depois, pós-impeachmen­t, com cenário de baixa inflação e expectativ­a de fim da recessão.

Pela mudança no cenário econômico, a alta nos preços perdeu importânci­a entre as empresas, com inflação passando de principal preocupaçã­o de 34% das empresas para apenas 9%. Outro sinal de otimismo é que 70% estão confiantes em relação ao futuro da empresa, ante 42% da pesquisa anterior.

Empresas familiares são as que têm uma ou mais famílias no controle, de qualquer tamanho. “No Brasil, as empresas querem continuar sendo familiares, diferentem­ente dos Estados Unidos, onde a primeira ideia é vender o negócio”, diz Sidney Ito, também sócio da consultori­a.

A pesquisa analisa ainda a quantidade de reuniões de conselho de administra­ção —mais de dez por ano, em 53% das empresas—, sinal de independên­cia da gestão.

No Brasil, 53% das empresas familiares têm um conselho de administra­ção. Na Europa, são 73%.

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