Folha de S.Paulo

Inseto avança como comida, mas repulsa favorece ração

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A empresa japonesa Takata, fabricante de airbags defeituoso­s que desencadeo­u o maior recall do setor automotivo da história, entrou com pedido de recuperaçã­o judicial nos Estados Unidos e no Japão neste domingo (25).

O acordo prevê a venda da companhia para a concorren- te americana de capital chinês Key Safety Systems por US$ 1,6 bilhão, o que põe fim à empresa fundada em 1933 e que chegou a ser a segunda maior fabricante mundial do equipament­o.

A empresa continuará a existir no papel, com o propósito de pagar suas dívidas. Além disso, manterá unidades que fabricam airbags para substituir os defeituoso­s.

São mais de 100 milhões de recalls em todo o mundo desde 2008, quando a primeira convocação foi anunciada, para veículos da também japonesa Honda.

No Brasil, foram convocados mais de 2 milhões de carros com o equipament­o defeituoso, de montadoras como Toyota, Honda, Volkswagen e BMW. O número tende a crescer.

A crise da Takata se intensific­ou PARAQUEDAS A Takata, que na Segunda Guerra Mundial fabricou paraquedas para militares japoneses, deve bilhões de dólares a bancos e montadoras, que têm bancado o custo de substituir as bolsas infláveis potencialm­ente perigosas. A empresa registrou prejuízo nos últimos três anos. Nesse período, precisou vender subsidiári­as para pagar multas e dívidas.

Nos EUA, desembolso­u US$ 1 bilhão em multa depois de admitir que três executivos estavam envolvidos em fraudes nos testes que apontavam problemas nos equipament­os de segurança.

A empresa também prometeu ao governo americano pagar às vítimas US$ 125 milhões em compensaçõ­es.

Apesar da crise, a Takata, uma empresa familiar, ainda detinha 20% da produção mundial de airbags.

DO “FINANCIAL TIMES”

Entre os empreended­ores que buscam inovar o setor de comida, o apetite por insetos está em alta, agora que os benefícios ambientais e de saúde de grilos, moscas e vermes começam a ser conhecidos.

Com a expectativ­a de que a população do planeta cresça para 10 bilhões em 2050 —e com ela, a demanda por alimentos—, número pequeno mas crescente de empresas está explorando o potencial dos insetos como fonte de comida e ração animal.

Os insetos são eficientes, têm um impacto ambiental menor do que outros animais usados como comida e teor elevado de proteína, bem como vitaminas e minerais.

“Os pioneiros do setor estão percebendo oportunida­des”, disse Patrick Durst, da FAO (Organizaçã­o das Nações Unidas para Alimentaçã­o e Agricultur­a). “Existe claramente um mercado para insetos comestívei­s.”

Governos, organizaçõ­es filantrópi­cas e fundos especializ­ados em agronegóci­o estão apoiando essas start-ups. MILK-SHAKE O mercado de insetos comestívei­s, que inclui milkshakes e biscoitos de proteína feitos de pó de grilo e comidas feitas de larvas de drosófilas e minhocas, foi avaliado em cerca de US$ 100 milhões e deve crescer para mais de US$ 1,5 bilhão em 2021, de acordo com a Arcluster, empresa de Cingapura que pesquisa tendências.

O número de start-ups que trabalham com comidas feitas de insetos é tamanho que o mercado do segmento parece superlotad­o nos Estados Unidos, de acordo com Aaron Dossey, que fundou a All Things Bugs em 2011.

A empresa, maior fornecedor­a de pó de grilo dos EUA, lucrou US$ 300 mil em 2016.

Ainda que insetos sejam parte do cardápio para 2 bilhões de pessoas, Chris Nan, da Arcluster, disse que comer insetos continua a causar “nojinho”. Por isso, algumas das maiores oportunida­des, nos EUA e na Europa, provavelme­nte estarão associadas ao uso de insetos para rações.

A Protix, holandesa que produz ração com moscas, recebeu investimen­tos de US$ 45 milhões, o maior valor obtido pelo segmento até agora.

“Estamos cultivando vastas quantidade­s de grãos em uma parte do mundo para alimentar animais em outra. Insetos são parte da solução para reduzir o impacto ambiental”, disse Kees Aarts, presidente-executivo da Protix. PAULO MIGLIACCI

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Michael Kooren - 4.abri.14/Reuters Produção de bolinhos com larvas comestívei­s na Holanda

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