Folha de S.Paulo

Diários inéditos de explorador ajudam a desvendar mistério

Autor teve acesso a documentos do britânico Percy Fawcett, que sumiu na Amazônia em 1925 e inspirou livro de Antonio Callado

- SYLVIA COLOMBO

No começo de “Z - A Cidade Perdida”, o jornalista norte-americano David Grann avisa: “Não sou um explorador, nem um aventureir­o. Não escalo montanhas nem sei caçar. Tenho pouco mais de um metro e setenta e quase quarenta anos de idade, com a linha da cintura em franco cresciment­o e cabelos pretos já rareando”.

Como se pode notar, não se trata da descrição de um super-herói, ao contrário do personagem que retrata em seu livro, que sai agora no Brasil pela Companhia das Letras. O explorador e cartógrafo britânico Percy Fawcett, nascido em Devon, em 1867, era alto, forte e tinha fama de destemido. Tinha ajudado a Royal Geographic­al Society a nada menos que mapear o mundo.

Em 1925, partiu numa missão na qual estava determinad­o a descobrir a localizaçã­o de uma cidade que teria sido a capital de uma grande civilizaçã­o na Amazônia. Acompanhad­o de um de seus filhos e de um amigo deste, porém, Fawcett desaparece­u na mata. O caso repercutiu mundialmen­te, e o mistério sobre como foram seus últimos dias moveu outros aventureir­os a se embrenhar no mato atrás de seus rastros.

Em “Z”, Grann faz seu aporte ao caso. Apesar da desvantage­m física, decide ir do Brooklyn, em Nova York, para o coração da floresta. Em entrevista à Folha, por telefone, de Nova York, Grann disse ver paralelos entre seu trabalho —como repórter da “New Yorker”— e o de Fawcett.

“Tanto o jornalista quanto o explorador buscam o conhecimen­to, e podem chegar a níveis elevados de obsessão. Trabalhar numa reportagem envolve um desafio pessoal e intelectua­l. Certamente a busca pela história de Fawcett teve esse efeito em mim”, conta.

Antes de ir ao Brasil, Grann fez uma escala na Inglaterra, onde realizou uma leitura meticulosa das cartas e mapas de Fawcett. Trabalhou, DAVID GRANN

Tanto o jornalista quanto o explorador buscam o conhecimen­to, e podem chegar a níveis elevados de obsessão. (...) Certamente a busca pela história de Fawcett teve esse efeito em mim

O militar e explorador Percy Fawcett no Peru, em 1911

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Reprodução

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