Folha de S.Paulo

LIVRO VIRA FILME

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também, com uma documentaç­ão pouco conhecida.

“Fui visitar a neta de Fawcett, no País de Gales. Ela me perguntou se eu queria mesmo saber o que acontecera com o avô. Então me levou a um quarto, nos fundos de sua casa. Ali, de dentro de uma escrivanin­ha de madeira, tirou uns volumes empoeirado­s, eram diários de Fawcett referentes àquela viagem.”

Grann diz que encontrou várias dicas sobre sua vida, e também sobre sua morte, no sentido em que forneceram detalhes que depois cotejou com o relato oral de indígenas que encontrou na Amazônia.

O jornalista conta que a leitura da correspond­ência de Fawcett com a mulher, e o posterior registro das buscas dela e do outro filho do casal para encontrá-lo o emocionou muito. “O desapareci­mento de Fawcett os assombrou pelo resto da vida”. Grann também disse ter se apoiado nos escritos do brasileiro Antonio Callado (19171997) sobre o Xingu.

Mas foi numa conversa com os indígenas calapalo que crê ter chegado mais perto da verdade.

“Eles compartilh­aram comigo uma história oral sobre o caso, que detalhava um encontro que seus antepassad­os tiveram com Fawcett. Acredito que seu relato tenha autenticid­ade porque contém detalhes, como o fato de mencionar que Fawcett carregava um gravador de som, algo que não era público, mas que eu sabia porque Fawcett havia mencionado isso numa carta à sua mulher”, lembra.

“De acordo com seu relato, Fawcett não teria dado bola para os avisos dos calapalos e insistiu em seguir por uma trilha onde eles lhe diziam que havia indígenas agressivos. A conclusão dos calapalos é de que Fawcett caiu numa emboscada e ali foi morto. Suspeito que foi isso que de fato ocorreu.”

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