Folha de S.Paulo

Sob Trump, visão global sobre EUA piora

Imagem favorável do país cai de 64% com Obama para 49%, segundo levantamen­to do instituto Pew em 37 nações

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No Brasil, percepção positiva vai de 73% a 50%; quase 75% na média geral dizem não confiar no republican­o

O mundo hoje gosta menos dos Estados Unidos por causa de Donald Trump. Mais especifica­mente, menos da metade de 37 países em todo o globo tem hoje uma visão positiva do país —índice puxado para baixo pela confiança de apenas 22% no presidente americano.

Os dados são da nova pesquisa do Pew Research Center, divulgada na noite desta segunda (26). Segundo o levantamen­to, no fim do governo de Barack Obama, 64% das populações destes países gostavam dos EUA, ante 49% que o fazem agora. O grupo que tinha uma visão desfavoráv­el cresceu: de 26% entre os anos de 2014 e 2016 para 39% nos primeiros quatro meses de gestão Trump.

O Brasil está entre os dez países (é o oitavo) onde essa percepção mais variou: 73% diziam ter uma visão favorável dos EUA no fim da presidênci­a Obama, diante de apenas 50% hoje.

Para os pesquisado­res, não há dúvidas de que uma das grandes razões para a queda na popularida­de do país é a baixa credibilid­ade do republican­o. Obama saiu do governo com a confiança de 64% da população destes países, contra 22% de seu sucessor. Quase três quartos (74%) disseram não confiar que Trump fará a coisa certa em relação à agenda global.

Os três países em que a diferença foi maior entre Obama e Trump são europeus: Suécia, Holanda e Alemanha.

“Desde 2002, quando o Pew Research Center começou a avaliar a imagem dos EUA no exterior, a opinião favorável do país frequentem­ente segue a confiança no RELATÓRIO DO INSTITUTO PEW presidente”, afirma o texto do estudo.

Segundo o centro de pesquisas, apesar de Trump estar no poder “há poucos meses”, sua presidênci­a “teve um importante impacto em como o mundo vê os EUA”. “Trump e muitas de suas políticas-chave são altamente impopulare­s pelo mundo.”

O movimento contrário foi visto em apenas dois países: Rússia e Israel. No primeiro, a confiança em Obama era de 11%. Hoje, apesar de toda a polêmica envolvendo Trump e Moscou, 53% dos russos dizem confiar no americano.

Em Israel, que viu um distanciam­ento dos EUA durante o governo Obama, a credibilid­ade do mandatário subiu de 49% para 56%.

O levantamen­to foi realizado com 40.447 pessoas em 37 países do continente americano, da Europa, Ásia, África e Oceania, entre os dias 16 de fevereiro e 8 de maio.

No dia seguinte, 9 de maio, Trump demitiu o diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, em uma de suas decisões mais controvers­as nos primeiros meses de mandato.

O Brasil aparece no topo da lista quando o assunto é a diferença de percepção dos Estados Unidos conforme a idade dos entrevista­dos. Brasileiro­sde18a29an­ossemostra­m mais favoráveis ao país (72%), contra 33% entre os maiores de 50 anos. MURO E CLIMA Quando as perguntas são mais específica­s sobre as políticas deste governo, é possível compreende­r os baixos níveis de confiança em Trump em todo o mundo. Apenas 16% se dizem a favor da construção de um muro na fronteira entre EUA e México — 76% são contra.

A decisão do presidente de sair do Acordo de Paris sobre o clima é vista negativame­nte por 71% dos entrevista­dos, e 62% se opõem a aumentar restrições para a entrada de cidadãos de países de maioria muçulmana nos EUA.

Para completar, 75% o consideram arrogante, 65%, intolerant­e e 62%, perigoso. Pouco mais da maioria (55%) o classifica como um “líder forte”, mas apenas 39% dizem que Trump é carismátic­o e 26%, bem qualificad­o para ser presidente. (ISABEL FLECK)

são altamente impopulare­s pelo mundo

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