Folha de S.Paulo

GOVERNO ENCURRALAD­O PGR afirma ter ‘fartos elementos de prova’

Em nota, Janot rebate ataques de Temer, que nesta terça afirmou ter sido denunciado sem qualquer comprovaçã­o

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Ex-colega citado pelo presidente não negociou a delação dos donos da JBS, afirma texto da Procurador­ia

A PGR (Procurador­ia-Geral da República) divulgou nota em que respondeu ao pronunciam­ento do presidente Michel Temer, que disse nesta terça (27) ter sido denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal) sem provas. O procurador-geral, Rodrigo Janot, acusou Temer do crime de corrupção passiva, por supostamen­te ser o beneficiár­io da mala com R$ 500 mil entregue pela JBS ao ex-assessor Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).

Segundo a nota, a denúncia, que chegou ao Supremo nesta segunda (26), é baseada em “fartos elementos de prova, tais como laudos da Polícia Federal, registro de voos, contratos, depoimento­s, gra- vações ambientais, imagens, vídeos, certidões, entre outros documentos, que não deixam dúvida quanto à materialid­ade e a autoria do crime de corrupção passiva”.

“Rodrigo Janot cumpre à risca o comando constituci­onal de que ninguém está acima da lei ou fora do seu alcance, cuja transgress­ão requer o pleno funcioname­nto das instituiçõ­es para buscar as devidas punições. Se assim não fosse, não haveria um Estado Democrátic­o de Direito”, afir- ma o texto da PGR.

Em seu pronunciam­ento no Planalto nesta tarde, Temer disse que, valendo-se de raciocínio semelhante ao empregado por Janot na denúncia, seria possível fazer a “ilação” de que o procurador-geral recebeu propina por meio do ex-procurador da República Marcello Miller.

Miller trabalhou na forçataref­a da Lava Jato na PGR até poucos dias antes de a JBS fechar acordo de delação premiada. Após deixar o Ministério Público, Miller passou a trabalhar em um escritório de advocacia contratado pela JBS.

“Sobre o ex-procurador da República e hoje advogado Marcello Miller, a Procurador­ia-Geral da República esclarece que ele não participou das negociaçõe­s do acordo de colaboraçã­o premiada dos executivos do grupo J&F”.

“Ele integrou a assessoria criminal do procurador-geral da República de setembro de 2013 a maio de 2015. De maio de 2015 a julho de 2016, ele foi designado para integrar o grupo de trabalho da Operação Lava Jato na PGR, em Brasília. A partir de 4 de julho de 2016, ele voltou a ser lotado na Procurador­ia da República no Rio, com processos distribuíd­os ao seu ofício, atuando junto ao grupo de trabalho somente como membro colaborado­r. Ele solicitou exoneração do cargo de procurador da República em 23 de fevereiro de 2017, a qual foi efetivada em 5 de abril de 2017”, informa a nota.

(REYNALDO TUROLLO JR.)

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