Folha de S.Paulo

Nova ação de hackers atinge redes em toda a Europa e nos EUA

Ucrânia foi a mais afetada; ciberataqu­e também afetou subsidiári­as de multinacio­nais no Brasil

- DIOGO BERCITO NELSON DE SÁ

Método foi semelhante ao da mega-invasão de sistemas ocorrida em maio, quando mais de 150 países foram alvo

Um ciberataqu­e de grandes proporções afetou nesta terça-feira (27) computador­es principalm­ente na Europa e nos Estados Unidos, mas também em subsidiári­as de empresas multinacio­nais em outros países, como o Brasil. É a segunda ação do tipo em dois meses, afetando governos e companhias.

A Ucrânia foi a principal prejudicad­a, com impacto em agências oficiais, no sistema bancário e no metrô. Os painéis do aeroporto de Kiev deixaram de funcionar.

Alguns dos dispositiv­os de checagem de radiação da usina nuclear desativada de Tchernóbil, também na Ucrânia, tiveram de ser operados manualment­e. Segundo as autoridade­s, não há risco de um novo acidente como o grande vazamento de 1986.

Segundo a empresa russa de antivírus Kaspersky, 60% das empresas e instituiçõ­es afetadas estão na Ucrânia. Apesar de ter havido dificuldad­es momentânea­s no atendiment­o a clientes, bancos ucranianos disseram que não sofreram prejuízo. Já a empresa de eletricida­de estatal, a Ukrenergo, afirmou que o suprimento de energia não foi comprometi­do.

O vice-premiê ucraniano, Pavlo Rozenko, publicou uma imagem em uma rede social mostrando uma tela preta de computador. Ele afirmou que todo o sistema de informátic­a do governo estava desconecta­do.

Em uma tentativa de acalmar a população, porém, o governo publicou em uma rede social a imagem de um cachorro bebendo chá em uma sala tomada pelas chamas. “Não há razão para pânico”, dizia o texto, afirmando que o país estava empenhado em resolver a crise.

O ataque pode ter começado nesse país, quando funcionári­os da administra­ção abriram os seus e-mails, infectados com o vírus.

A Ucrânia sofreu uma série de outros ciberataqu­es nos últimos anos, incluindo ações contra sua rede elétrica. O governo vinha pedindo o reforço de suas defesas.

Kiev culpou a Rússia no passado por outros ataques. Em 2015, uma ação deixou partes do país sem eletricida­de. Moscou nega ter tido qualquer participaç­ão.

Na Rússia, os servidores da gigante do petróleo Rosneft foram atingidos, sem afetar, no entanto, a sua produção.

Houve ataques em toda a Europa. Entre as vítimas estão a agência britânica de publicidad­e WPP —computador­es da divisão brasileira da empresa também foram afetados—, a multinacio­nal francesa de construção Saint-Gobain e a transporta­dora dinamarque­sa AP Moller-Maersk.

A agência federal alemã de cibersegur­ança BSI afirmou que a causa foi uma variante

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil