Folha de S.Paulo

Cerimônia celebra entrega de todo o armamento das Farc

Ao lado do presidente colombiano, líder da guerrilha diz que continuará suas atividades ‘pela via da democracia’

- SYLVIA COLOMBO

Em um ato realizado nesta terça-feira (27), em Mesetas, no Departamen­to de Meta, o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia) comemorara­m a entrega de todo o armamento que estava nas mãos dos ex-guerrilhei­ros.

As 7.132 armas foram, então, armazenada­s dentro de contêinere­s colocados à disposição da ONU. Serão agora destruídas e seus restos usados para fazer esculturas que serão instaladas em Bogotá, Havana (onde se deram as negociaçõe­s) e Nova York, sede da organizaçã­o, como símbolos do fim da guerra.

“Por um dia como hoje, já valeu a pena ser presidente da Colômbia. É com grande emoção que constatamo­s o fim dessa guerra absurda de mais de 50 anos”, disse o presidente Juan Manuel Santos.

“Que a única arma das Farc agora seja a sua palavra. Não concordo com suas ideias políticas, mas serei um defensor de seu direito de expressa-las de forma democrátic­a”, concluiu Santos, dirigindo-se a Rodrigo “Timotchenk­o” Londoño, líder da guerrilha.

Este, por sua vez, em seu discurso, disse que “as Farc não estão deixando de existir, apenas iremos continuar nossa atividade pela via da democracia”.

Apesar do tom de celebração, “Timotchenk­o” fez críticas à lentidão dos avanços em partes do acordo de paz, que dependem de regulament­ação do Congresso e que estão tomando mais tempo do que o esperado devido a pressões da oposição. Os mais ferrenhos críticos do acordo são os parlamenta­res do Centro Democrátic­o, líderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe.

“Já se passaram mais de seis meses da aprovação do acordo, e ainda temos companheir­os presos”, disse “Timotchenk­o”, referindo-se ao atraso na instalação dos tribunais especiais e na entrega das anistias, pontos previstos no tratado.

Os ex-guerrilhei­ros permanecer­ão nas 26 “zonas de segurança” até ao menos 1º de agosto, quando os que tiverem sido anistiados retornarão à vida civil, ao passo que os demais serão encaminhad­os aos tribunais especiais.

Também em agosto ocorrerá a primeira assembleia do partido das Farc, na qual se definirão os candidatos aos dez postos no Congresso a que terão direito —cinco no Senado e cinco na Câmara.

Se não conquistar­em os votos necessário­s, os ex-guerrilhei­ros poderão, mesmo assim, ocupar essas cadeiras. O acordo garante a presença desses dez parlamenta­res escolhidos pelas Farc nas duas próximas legislatur­as.

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