Folha de S.Paulo

Relatório da Fifa aponta indícios de propina do Qatar para Ricardo Teixeira

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DE SÃO PAULO

Após o jornal alemão “Bild” vazar parte do conteúdo do “Relatório Garcia”, a Fifa decidiu divulgar nesta terça (27) o documento que era mantido em segredo deste 2014.

O trabalho foi feito pelo advogado e juiz americano Michael J. Garcia, 55, presidente da Câmera Investigat­iva do Comitê de Ética da Fifa entre 2012 e 2014, depois de denúncia de compra de votos na eleição da sede da Copa do Mundo de 2022.

O documento foi descartado pelo comitê sob o pretexto de que não haviam sido descoberta­s informaçõe­s de conduta compromete­dora de dirigentes. Após ter recurso refutado pelo Comitê de Apelações, Garcia se desligou da Fifa em dezembro de 2014.

Entre outras acusações, o documento diz que o Qatar desembolso­u quantia acima do valor mercado pelo amistoso entre Brasil e Argentina realizado em 2010, em Doha.

O objetivo seria influencia­r Ricardo Teixeira e o argentino Julio Grondona, então presidente­s da CBF (Confede-

MIMOS NIPÔNICOS

Da candidatur­a japonesa, Teixeira recebeu uma bola feita de cedro (valor de U$ 1.200), uma câmera digital (US$ 1.200) e uma “nécessaire” feita por prestigiad­o artesão local (US$ 700). Sua mulher também foi presentead­a com um pingente (US$ 1.000) ração Brasileira de Futebol) e da AFA (Associação do Futebol Argentino), respectiva­mente, a escolher o país como sede da Copa de 2022.

Ambos eram membros do Comitê Executivo da Fifa, órgão responsáve­l pela eleição.

Oficialmen­te, os organizado­res do amistoso, realizado um mês antes da eleição, diziam que o clássico serviria como ensaio para a organizaçã­o da Copa da Ásia de 2011.

Segundo o relatório, a federação de futebol do Qatar recebeu US$ 6,8 milhões para realizar o amistoso. O dinheiro saiu de fundo do Swiss Mideast Finance Group, empresa controlada por conglomera­do qatariano. Oficialmen­te, essa empresa não teria vínculo com a federação.

Outros US$ 8,4 milhões foram pagos à Kentaro, empresa suíça de marketing esportivo que detinha os direitos de comerciali­zação dos amistosos da seleção brasileira.

Em seu relatório, Garcia informa que não era possível identifica­r precisamen­te quanto foi pago à CBF ou à AFA. Disse que esse tópico pedia investigaç­ão detalhada.

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