Folha de S.Paulo

Ataque aéreo mata pelo menos 30 na Síria

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O cardeal australian­o George Pell, tesoureiro do Vaticano —o terceiro cargo mais importante na hierarquia da Santa Sé— foi acusado nesta quarta-feira (28) de múltiplos crimes sexuais pela polícia de seu país.

Pell, 76, torna-se a mais importante autoridade da Igreja a enfrentar acusações dessa natureza.

O vice-comissário da polícia do Estado australian­o de Vitória, Shane Patton, disse que a polícia convocou Pell para comparecer perante um tribunal de Melbourne, onde enfrentará múltiplas acusações de “crimes sexuais históricos”, cometidos no passado. Pell deverá se apresentar ao tribunal em 18 de julho.

O cardeal sempre negou as acusações de abuso feitas contra ele. A arquidioce­se de Sidney informou na noite desta quarta-feira (28) que o cardeal retornará à Austrália para poder se defender.

“É importante observar que nenhuma das alegações feitas contra o cardeal Pell, obviamente, foi ainda examinada em qualquer tribunal”, disse Patton a jornalista­s em Melbourne. “O cardeal Pell, como qualquer outro réu, tem direi- to ao devido processo legal”.

A Austrália não tem tratado de extradição com o Vaticano, assim, segundo especialis­tas, haveria dois desfechos prováveis para o caso: ou Pell voluntaria­mente retorna à Austrália para enfrentar as acusações, como foi anunciado, ou o Vaticano teria de pressioná-lo a isso.

As acusações contra Pell são um novo e duro golpe contra o papa Francisco, cuja política de “tolerância zero” com relação a abusos sexuais praticados por membros da igreja já sofreu abalos.

Durante anos, Pell enfrentou alegações de que teria encoberto casos de abuso praticados por religiosos quando era arcebispo de Melbourne e, mais tarde, de Sydney.

O cardeal já havia se apresentad­o três vezes perante uma comissão, uma vez pessoalmen­te e outras duas em vídeo, durante as quais ele admitiu ter falhado ao lidar com padres pedófilos no Estado de Vitória nos anos 1970.

No ano passado, Pell reconheceu, num dos depoimento­s à comissão, que a Igreja cometeu “enormes erros” ao permitir que milhares de crianças fossem estupradas e molestadas pelos sacerdotes. Ele admitiu que também errara ao ter acreditado nos sacerdotes, e não nas pessoas que se diziam vítimas. Mais recentemen­te, contudo, o próprio Pell tornou-se o foco das investigaç­ões de crimes sexuais, com detetives indo ao Vaticano para interrogá-lo.

Região alvejada é controlada pelo EI

Um ataque aéreo de autoria não identifica­da em uma parte do território sírio controlada pela facção terrorista Estado Islâmico (EI) matou ao menos 30 civis e feriu dezenas nesta quarta (28), segundo a ONG Observatór­io Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), sediada em Londres.

Aviões militares do regime sírio, da Rússia e da coalizão internacio­nal liderada pelos EUA realizam operações sem coordenaçã­o entre si perto do vilarejo de Dablan, no leste da Síria, local do ataque.

O bombardeio se dá menos de 48 horas depois de o governo americano ameaçar o regime de Bashar alAssad. Em comunicado no fim da noite de segunda-feira (26), o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que os EUA identifica­ram “possíveis preparaçõe­s” para um novo ataque químico sírio e que Damasco pagaria “um preço alto” se levasse o plano adiante.

Nesta quarta (28), o secretário de Defesa, Jim Mattis, afirmou que Assad parece ter entendido o recado, já que não houve ataque químico.

A embaixador­a dos EUA na ONU, Nikki Halley, se uniu ao coro e disse que Trump “salvou muitas vidas inocentes” com a ameaça. (ISABEL FLECK)

 ?? Alessandro Bianchi - 3.mar.2016/Reuters ?? Cardeal George Pell, 76, na saída de um hotel de Roma em março de 2016, após encontro com vítimas de abusos sexuais
Alessandro Bianchi - 3.mar.2016/Reuters Cardeal George Pell, 76, na saída de um hotel de Roma em março de 2016, após encontro com vítimas de abusos sexuais

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