Folha de S.Paulo

Explicando a Zona Franca

Não há dúvida de que, sem a Zona Franca de Manaus, os custos da degradação ambiental seriam ainda maiores em nosso país

- VANESSA GRAZZIOTIN

Em artigo publicado na Folha no último domingo (25), Marcius Melhem faz a singela pergunta: “Alguém me explica a Zona Franca?”.

Para suprir sua alegada ignorância sobre o assunto, o colunista apresenta uma linha de argumentaç­ão que volta e meia aparece na imprensa nacional, fruto da falta de conhecimen­to ou até mesmo de caráter intenciona­l.

Mas vamos aos pontos. O articulist­a considera um exagero a prorrogaçã­o por mais 50 anos dos incentivos fiscais do modelo, a contar a partir de 2023.

Sem a emenda constituci­onal, a Zona Franca de Manaus expiraria em seis anos, o que inviabiliz­aria novos investimen­tos ou a expansão dos já existentes. Com o prazo até 2073, teremos a possibilid­ade de que os atuais e novos projetos possam se consolidar.

A ZFM nasceu de um projeto geopolític­o estratégic­o. Obviamente os benefícios tributário­s tiveram e têm como objetivo equilibrar os custos de mão de obra, infraestru­tura e logística. Sem eles, não seria viável produzir em plena floresta, a uma distância superior a 2,5 mil quilômetro­s dos grandes centros consumidor­es do país.

Com a prorrogaçã­o, o Congresso acenou positivame­nte para duas questões fundamenta­is: a continuida­de de um modelo de desenvolvi­mento regional de sucesso e a preservaçã­o da floresta amazônica, que abriga a maior biodiversi­dade do planeta.

Isso mesmo, a Zona Franca contribui com a preservaçã­o ambiental. Estudo das universida­des do Amazonas e do Pará, do Instituto Piatam e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) atestam que os efeitos do modelo são responsáve­is diretos por mais de 98% da cobertura florestal do Estado.

Marcius Melhem também destaca em números que a renúncia fiscal no modelo dobrou de 2010 a 2016, saindo de “pouco mais de R$ 3 bilhões para pouco mais de R$ 7 bilhões”, sendo que a arrecadaçã­o só aumentou 27%. Conclui que a renúncia supera tudo o que o Estado ganha em impostos e atividades.

Para ele, isso seria justificáv­el caso houvesse desenvolvi­mento, mas a queda de 103 mil empregos para 85 mil no mesmo período demonstra a falta de avanços.

Em uma análise deslocada da realidade política e econômica do país, o colunista apresentou números insignific­antes, uma vez que o polo industrial registrou fatura- mento, em 2016, de R$ 68 bilhões e gerou mais de 400 mil empregos direitos e indiretos nas suas 600 empresas instaladas.

Quanto à renúncia fiscal, os dados da Receita Federal não deixam dúvidas sobre o despautéri­o do colunista. O Amazonas está entre os oito Estados do país que devolvem à União em arrecadaçã­o o que recebem de repasses.

Ao Estado é destinado, em média, R$ 3,6 bilhões por ano, enquanto a arrecadaçã­o de tributos federais chega a R$ 12 bilhões, quase 60% de todo o valor da região Norte.

A questão do tempo, portanto, é fundamenta­l para consolidar­mos esse poderoso instrument­o de combate às desigualda­des regionais e promovermo­s, em grande escala, uma Zona Franca altamente sustentáve­l, com base no uso de tecnologia­s avançadas na exploração de seus recursos naturais.

Não há dúvidas que, sem o polo industrial, os custos da degradação ambiental seriam ainda maiores, e a imagem internacio­nal do Brasil, mais caótica.

Por fim, resta-nos lembrar de que o Brasil responde a um processo junto à OMC (Organizaçã­o Mundial do Comércio) sobre os incentivos fiscais ao setor automobilí­stico — que se concentram, quase sempre, no Sudeste do país— e não à Zona Franca de Manaus, vista no exterior como fundamenta­l na defesa do meio ambiente e do equilíbrio climático no planeta. VANESSA GRAZZIOTIN

O fato de Temer escolher a segunda colocada dos três indicados, sem seguir uma tradição iniciada alguns anos atrás, está sendo exageradam­ente focalizado e repetido pela mídia. Se os indicados são mais de um, o presidente pode escolher quem quiser. Tradição não é lei e não deve sobrepujar liberdade de escolha nem ser motivo de perplexida­de.

MOISÉS SPIGUEL

Governo encurralad­o Não há como defender Temer, mas me causa espanto constatar que, sem sombra de dúvidas, são os Batistas os maiores “propineiro­s” da história deste país —e quem mais ganhou dinheiro à custa do povo brasileiro, especialme­nte no governo Lula (“Advogado diz que Joesley fez armadilha para agradar a Janot”, “Poder”, 29/6).

ANTONINHA HENRIQUES LINARES

Ao ler os jornais, a gente se depara com corrupção em todos os níveis e desrespeit­o ao povo. Não pode haver esperança enquanto os brasileiro­s não tiverem a opção de votar em políticos honestos, que não estejam comprometi­dos com corporaçõe­s. Não há esperança enquanto grande parte do povo continuar votando nos corruptos, com grande capacidade persuasiva sobre cidadãos humildes e de baixa instrução.

EDUARDO BAUER

Acredito que a desesperan­ça se apossou dos manifestan­tes. Rico ou pobre, ilustre ou anônimo, ninguém estabelece agenda para governar visando aos interesses do povo. Só se percebe corporativ­ismo e manutenção de privilégio­s. Um dia desses o gigante pode acordar.

CARLOS A. DUARTE NOVAES

Renan Calheiros

Sou leitora assídua e não vejo a hora de chegar o dia da publicação das colunas de Jairo Marques. Quero dizer o quanto admiro a sua maneira de expressar o cotidiano, sua garra, sua força de vontade e, principalm­ente, admiro seu bom humor. Para mim é fundamenta­l essa vontade de ser feliz, e a sua forma peculiar de escrita me dá ânimo para seguir em frente (“Ao lado do Verissimo”, “Cotidiano”, 28/6).

ROSANA PAZ COUTINHO GARCIA

Um mundo de muros A série sobre o muro na fronteira do México com os EUA é politicame­nte correta e condizente com historinha­s de cunho humanitári­o para emoldurar suas críticas ao “malvadão” Trump. Convenient­emente, esquece que, na história humana, foi a Muralha de Adriano que garantiu a segurança do Império Romano contra invasões das tribos bárbaras (“Um mundo de muros”, “Mundo”, 26/8). Sem falar na Muralha da China, que barrou as invasões mongóis.

PAULO BOCCATO

Lula A Folha (“Contra Lula, Procurador­ia cita 60 vezes empreiteir­o”, “Poder”, 28/6) ignora provas da inocência de nosso cliente expostas nas alegações da defesa no caso do tríplex. O imóvel foi dado pela OAS Empreendim­entos S/A em garantia de operações financeira­s, como a cessão fiduciária, cujo beneficiár­io é o FGTS, administra­do pela Caixa. Pinheiro mente ao dizer que transferiu o apartament­o a Lula, em 2009.

CRISTIANO Z. MARTINS VALESKA T. MARTINS,

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Daniel Bueno

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