Folha de S.Paulo

Doria atua contra mal-estar com Alckmin

Prefeito tenta estancar comentário­s sobre suposto distanciam­ento do governador com telefonema­s e declaraçõe­s

- THAIS BILENKY

Cotados, ambos, para disputar a Presidênci­a, pupilo ‘alinha opiniões’ sobre temas nacionais com padrinho político

Para estancar comentário­s sobre o suposto distanciam­ento de Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito João Doria (PSDB) tem feito esforços pa- ra demonstrar alinhament­o com o governador, especialme­nte em pautas nacionais.

Nesta semana, Doria telefonou ao menos duas vezes ao padrinho político antes de comparecer a eventos fora de São Paulo. A primeira ligação ocorreu na terça (27), a caminho de um evento do jornal “O Globo”, no Rio.

Lembrado que o interesse seriam temas como as reformas e a crise política, ele sacou o telefone e falou com o governador do carro sobre o posicionam­ento que manifestar­ia pouco depois.

“Minha posição, que é igual à do governador Geraldo Alckmin, é proteger o Brasil, não o governo Temer”, disse.

Ao opinar sobre a permanênci­a do PSDB no governo, Doria disse que “é uma decisão partidária”. Horas depois, Alckmin defendeu que “a decisão seja de partido”.

O governador trabalha para ser o candidato do PSDB à Presidênci­a, mas Doria, nome em rápida ascensão polí- tica nacional, não reage energicame­nte contra especulaçõ­es sobre uma eventual candidatur­a sua.

Sua atitude ambígua gerou desconfort­o no entorno de Alckmin. Auxiliares de ambos os tucanos passaram a trocar farpas.

O segundo telefonema ocorreu na quarta-feira (28). Pouco antes de reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília, para tratar de impostos, o prefeito contatou Alckmin.

Naquele dia, questionad­o sobre 2018, Doria disse que “jamais teria atitudes para atropelar” Alckmin.

Aliados do governador veem os gestos de Doria com cautela. Dizem que ele não quer deixar de ser visto como presidenci­ável nem melindrar o padrinho político. Por isso, afirmam alckmistas, ele morde e assopra: deixa dúvidas no ar e afaga o governador.

Na ocasião em que disse que não desrespeit­aria Alckmin, Doria emendou que “quem toma a decisão para uma candidatur­a dos bons partidos, dos bons candidatos, não são os candidatos nem os partidos. É o povo”.

Em conversas em particular, de acordo com aliados do prefeito, sempre que perguntado sobre 2018, Doria repete que o combinado é jogar parado: quem chegar melhor posicionad­o será o candidato, diz. A frase que ele costuma usar é que “a precedênci­a é do Geraldo, mas o Geraldo tem grandeza”.

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