Folha de S.Paulo

Câmara aprova projeto de governo de May

Avanço no Parlamento interrompe onda de reveses de primeira-ministra do Reino Unido e dá fôlego a Executivo

- DIOGO BERCITO

Conservado­ra aceita emenda sobre verba para norte-irlandesas que interrompe­rem a gravidez na Inglaterra

A primeira-ministra britânica, Theresa May, recebeu nesta quinta (29) um importante voto de confiança da Câmara dos Comuns, dando alento a sua liderança em um mês de obstáculos políticos.

Os membros da Casa, equivalent­e à Câmara dos Deputados, aprovaram o programa legislativ­o proposto pelo governo na quarta passada (21), incluindo todas as leis a serem debatidas no ano.

Se os planos de May tivessem sido recusados, seu governo poderia até seguir adiante, mas bastante enfraqueci­do, aumentando as chances de haver outras eleições gerais nos próximos meses.

A vitória, contudo, é magra. As medidas foram aprovadas por 323 votos contra 309, uma margem de apenas 14 votos que não perfaz a maioria dos 650 deputados. “Os conservado­res sobreviver­am por um triz, mas este governo está no caos”, disse o líder trabalhist­a, Jeremy Corbyn.

Para evitar perder em uma eventual votação, May aceitou uma emenda permitindo que o governo financie a interrupçã­o da gravidez para norte-irlandesas na Inglaterra —um desafio aos aliados ultraconse­rvadores da primeira-ministra no norte.

Mas ela obteve vitórias em outras duas emendas propostas pelo Partido Trabalhist­a.

A primeira, que pedia que o Reino Unido mantivesse os direitos existentes dos cidadãos europeus no país, caiu por 323 votos contra 297.

A segunda dizia respeito ao “brexit”, a saída britânica da União Europeia. Legislador­es insistiam em que o país permaneces­se no mercado comum europeu, que reúne 500 milhões de consumidor­es. Foram 322 votos contra e 101 a favor —49 parlamenta­res trabalhist­as se rebelaram.

O programa legislativ­o é redigido pelo governo, com suas prioridade­s para o ano, e apresentad­o ao Parlamento pela rainha Elizabeth no chamado “Discurso da Rainha”.

Em posição frágil, May foi obrigada a retirar do programa algumas medidas controvers­as, como a que reduzia merendas.

May tinha 330 cadeiras no Parlamento quando decidiu antecipar as eleições previstas para 2020, esperando ampliar sua bancada e se fortalecer para negociar o “brexit”. Em vez disso, a bancada conservado­ra encolheu para 318 assentos, e ela foi obrigada a se aliar ao norte-irlandês DUP, com dez deputados, para ter maioria.

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