Folha de S.Paulo

Secretário de Alckmin bate o carro em BMW e vai embora sem se identifica­r

- ROGÉRIO GENTILE FABIO PAGOTTO

DE SÃO PAULO

O engenheiro André Mello reduziu a velocidade da sua BMW na rua Cerro Corá, no Alto da Lapa, ao perceber que o carro da frente pretendia entrar à direita na avenida Diógenes Ribeiro de Lima.

Nesse momento, o automóvel que vinha logo atrás, uma Mercedes-Benz, entrou com tudo na traseira do seu veículo, pelo lado esquerdo.

Irritado, o motorista responsáve­l pela colisão disse que não pagaria pelo reparo e se recusou a fornecer seus dados pessoais. Foi embora dizendo a André que “procurasse pelos seus direitos”.

De posse da placa do veículo, o engenheiro entrou na Justiça cinco dias depois (20 de outubro de 2016) e descobriu quem era o motorista anônimo. Tratava-se de Saulo de Castro, secretário de Governo e um dos principais auxiliares do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP). POLÊMICAS Político de personalid­ade forte, Saulo foi secretário da Segurança Pública entre 2000 e 2006, época em que se envolveu num episódio inusitado. Parado no trânsito em razão de um bloqueio na rua, deduziu que os cavaletes haviam sido colocados pelos funcionári­os do restaurant­e onde pretendia jantar. Inconforma­do, acionou um grupo de elite da polícia que, com metralhado­ras, espingarda­s e pistolas semiautomá­ticas, prendeu o dono e o manobrista do restaurant­e.

Algemados, ambos foram levados para a delegacia. Posteriorm­ente, a polícia descobriu que a interdição, na verdade, fora realizada pela CET.

Acusado pelo Ministério Público de abuso de poder, Saulo foi absolvido, mas o manobrista entrou na Justiça contra o Estado em 2012 e obteve uma indenizaçã­o de R$ 5 mil por danos morais. Responsabi­lidade que não coube à pessoa física do secretário, mas à Fazenda Pública.

À Folha, Saulo disse não ter sido notificado sobre a ação. “O Estado foi pessimamen­te representa­do. A responsabi­lidade pela defesa será apurada.” Segundo ele, a indenizaçã­o ainda não foi paga “porque os valores estão em discussão na Justiça.”

A passagem de Saulo pela Segurança Pública foi marcada pelos ataques da facção criminosa PCC. Convidado a falar na Assembleia sobre o tema, Saulo envolveu-se em outra polêmica.

Questionad­o pelo deputado Ítalo Cardoso (PT), ele respondeu, agressivo: “Pare com esse tom de machão, você não é assim, rapaz”. Processado por danos morais, foi absolvido. ACIDENTE Na ação movida pelo engenheiro, Saulo alegou ser vítima, e não o responsáve­l pela colisão. “O acidente ocorreu por culpa exclusiva do condutor da BMW, que parou seu carro abruptamen­te quando percebeu que o da frente diminuiu a velocidade.”

A defesa de Saulo disse que seu prejuízo (R$ 32.498,65) foi muito maior do que o do outro motorista, pois teve de comprar peças importadas, argumentaç­ão que não convenceu a Justiça. Saulo foi condenado a pagar uma indenizaçã­o material de R$ 5.641,85 ao engenheiro, o que foi feito por sua seguradora.

“Foi uma batida de carro e as partes discordara­m sobre a culpa. O caso foi levado ao juizado de pequenas causas e se chegou a um acordo para o pagamento”, afirmou.

DO “AGORA”

A castração de cães e gatos pelo programa gratuito da prefeitura está levando até quatro meses em São Paulo. Nesse período, segundo veterinári­os, é possível que esses animais tenham até duas ninhadas.

Funcionári­as do próprio CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), da gestão João Doria (PSDB), dizem que a fila é de dois meses em média.

“O ideal seria que houvesse disposição imediata de vagas para castrar os animais”, disse a veterinári­a Valéria Oliva, da Unesp de Araçatuba (527 km de São Paulo). Pelo programa da prefeitura, a operação sai de graça, mas é preciso cadastrar o animal no programa de castração.

O CCZ afirmou em nota que as clínicas veterinári­as contratada­s realizam cerca de 5.000 castrações por mês. “A distribuiç­ão de cotas de cada contrato depende da capacidade operaciona­l”, diz. Ainda segundo a nota, não há previsão de abertura de novas clínicas.

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Aloisio Mauricio - 30.mar.2017/Fotoarena/Folhapress O secretário Saulo de Castro, um dos principais auxiliares de Geraldo Alckmin (PSDB_

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