Folha de S.Paulo

Articulaçã­o de Temer divide centrais e esvazia protestos

País tem dia manifestaç­ões isoladas; à noite, houve confrontos entre polícia e black blocs no Rio e em SP

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Governo acenou com proposta de substituir o imposto sindical com a contribuiç­ão assistenci­al

Uma articulaçã­o do governo Temer acirrou as disputas entre as principais centrais sindicais e esvaziou as manifestaç­ões programada­s para sexta (30) contra as reformas trabalhist­a e previdenci­ária.

Convidada a participar de negociaçõe­s no Ministério do Trabalho, a Força Sindical convocou um ato separadame­nte da CUT (Central Única dos Trabalhado­res).

Sob o argumento de que o ato organizado pela CUT na avenida Paulista se transforma­ria num movimento por eleições diretas, o secretário­geral da Força, João Carlos Gonçalves (Juruna), convidou centrais para uma um protesto no centro de São Paulo.

Cerca de 300 pessoas participar­am do ato. Presidente da central, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que acaba de indicar o futuro secretário-executivo do Ministério do Trabalho, não foi.

Na chegada ao ato convocado pela CUT e por frentes de esquerda, o presidente da entidade, Vagner Freitas, lamentou a ausência da Força.

“Não foi uma boa. Faz falta. Com uma central importante como a Força, estaríamos mais fortes”, afirmou.

As centrais também levaram às ruas suas divergênci­as sobre o texto das reformas.

Em reunião com dirigentes de centrais, o ministro do Trabalho acenou com a edição de medida provisória que contrariar­á uma decisão do Supremo. Em março, o STF validou uma decisão da Justiça do Trabalho que restringia a cobrança de contribuiç­ão assistenci­al aos trabalhado­res filiados aos sindicatos.

Juruna diz que, durante reunião com Paulinho, o ministro propôs que o imposto sindical seja substituíd­o pela contribuiç­ão assistenci­al, cujo valor é fixado em assembleia dos trabalhado­res.

Embora concorde com a extinção do imposto sindical, o presidente da CUT duvida da disposição do governo de implementá-la. “A intenção é esvaziar o movimento”, diz.

Força e UGT defendem a redução gradual do imposto sindical e a legalizaçã­o da contribuiç­ão assistenci­al, ho- je restrita aos sindicaliz­ados.

O presidente da UGT, Ricardo Patah, minimiza o papel do governo para esvaziamen­to. Ele justificou a baixa adesão às multas impostas aos sindicatos e à “falta de consciênci­a” dos trabalhado­res. PROTESTOS Ao longo do dia, houve manifestaç­ões pontuais nas principais capitais, com bloqueio de vidas e rodovias.

Na capital paulista, o protesto convocado pela CUT e por movimentos sociais acabou em confronto entre black blocs e a PM na região da prefeitura da cidade.

Também houve confronto no Rio entre manifestan­tes mascarados e a polícia. O protesto se dispersou no entorno da Central do Brasil.

Em Brasília, ao contrário das expectativ­as, não houve registro de manifestaç­ões na área isolada na Esplanada dos Ministério­s para o ato. A Secretaria de Segurança do Distrito Federal havia organizado um aparto de segurança, com bloqueios no acesso, para evitar as depredaçõe­s registrada­s na última manifestaç­ão. Mas, diante da falta de mobilizaçã­o, as vias foram liberadas. (CATIA SEABRA, JOANA CUNHA, LUIZA FRANCO, ÍTALO NOGUEIRA E NATÁLIA CANCIAN)

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Eraldo Peres/Associated Press Policiais liberam via de acesso a Brasília; não houve manifestaç­ões na Esplanada
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Adriano Vizoni/Folhapress Policial contém manifestan­te no viaduto do Chá (SP): nove foram levados para delegacia

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