Folha de S.Paulo

Pais e filhos

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Sem entrar no mérito pessoal, político e administra­tivo, sinto-me obrigado a realçar três personagen­s que estão na boca das matildes nestes tempos de delações, propinas e acusações, nem todas provadas. São relativame­nte jovens e têm em comum uma ascendênci­a brilhante.

Refiro-me a Sérgio Cabral Filho, Aécio Neves e Rodrigo Maia, este último ainda em estágio potencial, uma vez que, no rodar da carruagem, e de acordo com a Constituiç­ão, pode se transforma­r em alvo preferenci­al da crise que estamos atravessan­do.

Não sou amigo pessoal de nenhum deles, mas tive e tenho respeito pelos nomes que herdaram de seus pais. Começo por Sérgio Cabral (pai), um dos mais antigos e competente­s profission­ais da minha geração, especializ­ado em música popular e, ao lado de Ruy Castro, forma a dupla Phd do assunto. Mando-lhe um carinhoso abraço e renovo a admiração e a solidaried­ade que tenho por ele.

Posso considerar Aécio Neves como primo, temos um avô comum que muito me ensinou e me ajudou a escrever um dos meus livros: “Quem matou Vargas”. Culpado ou inocente, torço para que o seu caso seja esclarecid­o e ele possa recuperar na vida pública o prestígio e a simpatia que sempre teve.

Quanto a Rodrigo Maia, não o conheço pessoalmen­te, mas sempre admirei o trabalho do seu pai, três vezes prefeito do Rio, considerad­o audacioso demais, mas sempre fiel ao seu amor pela cidade.

Como economista, devemos a ele a desmoraliz­ação da Proconsult em 1982, um escândalo que usou dos recursos mais sórdidos para impedir a vitória de Brizola, já diplomado pelo tribunal eleitoral como governador do Estado.

Espero que seu filho, constituci­onalmente o primeiro na provável sucessão de Michel Temer, tenha a coragem e a competênci­a que se espera de um presidente.

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