Folha de S.Paulo

Deputados gays despontam no Reino Unido

- COLABORAÇíO PARA A EM LONDRES

FOLHA,

“Não vejo constrangi­mento quando as pessoas me perguntam se sou ou não gay”, diz Peter Kyle, 47. “Acho justo e normal quando você está pedindo o voto de milhares de pessoas, para representá-las. A maneira como você lida comsuaorie­ntaçãosexu­aldiz muito sobre seus valores.”

Abertament­e gay, Kyle tem se destacado na cena política britânica nos últimos dois anos. Após um dos melhores desempenho­s eleitorais do Partido Trabalhist­a em 2015, repetiu a performanc­e na eleição do último 8 de junho.

Kyle ficou 22 pontos percentuai­s à frente da conservado­ra Kristy Adams —defensora da “cura gay”— na disputa pela vaga no Parlamento representa­ndo Hove e Portslade, municípios vizinhos a Brighton,balneárioo­ndeacomuni­dade LGBT é grande.

A Folha acompanhou, no dia da eleição, a campanha porta a porta dos voluntário­s trabalhist­as para eleger Kyle.

Para Koen Slootmaeke­rs, “atitude aberta é importante para servir como modelo e suporte à comunidade LGBT”.

Kyle defende que, com o “brexit”, será preciso assegurar que as conquistas LGBT obtidas “com a chancela e ajuda da Corte Europeia de Direitos Humanos e da Corte Europeia de Justiça” não sofram retrocesso­s.

“É compreensí­vel que eleitores conservado­res se sintam assustados com tantas mudanças sendo absorvidas tão rapidament­e pela sociedade”, afirma Kyle.

“Mas já ouvi até que houve gente votando a favor do ‘brexit’ por se opor ao casamento gay”, disse ele. ‘RUTHQUAKE’ Outra vitoriosa na última eleição britânica, a escocesa Ruth Davidson, 38, do Partido Conservado­r Escocês, é a primeira líder de partido lésbica do Reino Unido, ao lado do conterrâne­o Patrick Harrie (Partido Verde Escocês).

A recém-selada aliança da primeira-ministra conservado­ra, Theresa May, com o partido ultraconse­rvador norteirlan­dês DUP (Partido Unionista Democrátic­o), que se opõe ao casamento gay, serviu de plataforma para Davidson. “Faremos tudo que estiver ao nosso alcance para garantir os direitos LGBT neste país e também na Irlanda do Norte”, afirmou.

Sob Davidson, o Partido Conservado­r Escocês nocauteou o SNP (Partido Nacionalis­ta Escocês), da líder escocesa Nicola Sturgeon, tirando-lhe 21 dos 35 assentos que possuía no Parlamento britânico. Com o feito, ganhou o apelido de “Ruthquake”, um trocadilho com a palavra “earthquake”, terremoto.

A Escócia foi o único país do Reino Unido onde os conservado­res avançaram mais do que os trabalhist­as nesta eleição, salvando May de perder a maior bancada (ela, porém, perdeu a maioria).

Chamada pela “The Economist” de “Queen of Scotts” (referência à Mary Stuart, rainha da Escócia de 1542 a 1567, que cobiçava o trono de Elizabeth 1º e foi decapitada por traição) por sua expressiva votação, Davidson é considerad­a pela revista como mais influente em Westminste­r que a própria Sturgeon. (JR)

 ?? Arne Dedert/Associated Press ?? » HOMENAGEM Militares carregam caixão com o corpo de Helmut Kohl, chanceler e pai da reunificaç­ão da Alemanha; morto em 16 de junho, foi velado e enterrado neste sábado
Arne Dedert/Associated Press » HOMENAGEM Militares carregam caixão com o corpo de Helmut Kohl, chanceler e pai da reunificaç­ão da Alemanha; morto em 16 de junho, foi velado e enterrado neste sábado

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil