Folha de S.Paulo

No país da sesta, empresária sonha em tornar soneca negócio lucrativo

- DIOGO BERCITO

No país da sesta, a empresária espanhola Maria Estrella Jorro de Inza não dormiu no ponto. Ela fundou há um mês em Madri uma pequena empresa baseada em oferecer sonecas a seus clientes.

É a primeira firma do tipo na Espanha, apesar da tradição local de fazer pequenos cochilos vespertino­s. Há negócios semelhante­s em outros países, como a Bélgica.

O empreendim­ento, chamado Siesta&Go, cobra pelo minuto de descanso. São R$ 52 para dormir uma hora em um quarto individual e R$ 12 em uma poltrona, em um ambiente de meia-luz e sem ruídos. Clientes recebem sandálias, tampões de ouvido e camisetas, para não amassar seus uniformes.

Inza, 32, teve a ideia ao recentemen­te visitar o Japão e se deparar com diversas empresas que ofereciam locais de descanso. “Como a Espanha é conhecida pela sesta, quis trazer o negócio para o país”, diz à Folha.

A localizaçã­o foi a parte mais importante de seu planejamen­to. Não adiantaria oferecer o serviço em um bairro residencia­l, afirma.

Inza fundou o Siesta&Go em um centro comercial, cercado por gigantes como Deloitte, Google e Amazon.

Seus clientes, segundo ela, têm de 20 a 50 anos. Não há diferença no número de homensemul­heres.Amaiorpart­e das pessoas descansa por 25 minutos. “Às vezes alguns ficam por duas horas e meia, imaginoque­sejamosche­fes”, diz a empreended­ora.

O Siesta&Go tem apenas dois funcionári­os, incluindo a empresária, e o trabalho consiste na recepção, na troca de lençóis e na limpeza.

A sesta está enraizada na cultura de trabalho espanhola. Apesar da fama do país, trabalha-se muito ali. Os espanhóis labutaram por 1.695 horas em 2016, mais do que alemães e franceses, de acordo com dados da OCDE.

A jornada em grandes cidades, como Madri, costuma ter longos intervalos —duas horas para o almoço, por exemplo—, mas arrasta-se também até o fim da tarde.

Inza é designer de moda e não tem formação ou experiênci­a em negócios. Ela afirma que ainda não recuperou seu investimen­to inicial, cujo valor não informa, e tampouco tem uma previsão de quando terá de volta o que gastou nas reformas e na compra de seus 360 lençóis.

A iniciativa, porém, tem caminhado bem, diz. Já chegou a lotar os 26 lugares disponívei­s para a soneca, e a clientela cresce no boca a boca.

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Divulgação Clientes descansam no Siesta&Go, em Madri (Espanha)

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