Folha de S.Paulo

A redução do número de profission­ais e o aumento da carga horária dos professore­s que permanecem, porém, já

- VALTER DE SIMONE - SJOMA CASOY - FELIX MESSOD COHEN - Neste domingo (2), às 11h30, set. R, quad. 414, sep. 19. MOYSES ZAJAC - REGINA COPELIOVIC­I - ALICE CITRON SCHECHTMAN - te domingo (2), às 11h, set. I, 117, sep. 11. CLEMENTE COHEN - Neste domingo (2),

Considerad­a modelo de uma educação humanista e diversific­ada, a Escola de Aplicação da USP sofre com falta de professore­s e esvaziamen­to de projetos educaciona­is. Alunos do ensino fundamenta­l, por exemplo, ficaram meses sem aulas de ciências neste primeiro semestre.

A situação é reflexo da realidade financeira da universida­de, que bloqueou contrataçõ­es a partir de 2014 e realizou dois planos de incentivo a demissões voluntária­s. Desde lá, os gastos com salários na universida­de superam os repasses do Estado.

Segundo relatos de professore­s e pais de alunos, faltam 12 docentes. Áreas de física, química e biologia têm sido as mais atingidas.

As disciplina­s de matemática, geografia e história foram atribuídas a outros professore­s da escola. Os cargos de professor de educação especial e de orientador pedagógico estão vagos. As séries mais afetadas são a 6ª e 7ª.

A Escola de Aplicação fica na Cidade Universitá­ria, zona 7º DIA

Segunda (3), às 19h, na par. Sta. Rita de Cássia, pça. Sta. Rita de Cássia, 133, Mirandópol­is. SHLOSHIM - CEMITÉRIO ISRAELITA DO EMBU oeste da cidade, e está ligada administra­tivamente à Faculdade de Educação. A unidadetem­cercade700­alunos, da 1ª série do ensino fundamenta­l ao 3º ano do médio.

Segundo a arquiteta Simone Nakamoto, 39, os problemas têm se arrastado desde 2015, mas a filha, do 6º ano, ficou sem aulas de ciências quase todo o semestre. “A equipe é boa, o projeto é bom, mas a escola está sem as condições para manter esse trabalho”, diz ela, que aponta a situação atual como a mais grave desde que a filha entrou na escola, há seis anos.

“Os alunos ficam no pátio quando não há professor. Nem que eu quisesse poderia tirá-la da escola, porque sem essas aulas ela seria reprovada em outra escola”, diz ela.

A direção da faculdade garante que todas as atividades serão repostas. A unidade tem 36 docentes ativos.

O projeto pedagógico, segundo a diretora Belmira Bueno, não corre risco. “A escola faz parte não só da Faculdade, mas também da universida­de. Por isso, sofre também as consequênc­ia dos constrangi­mentos financeiro­s” (leia mais nesta pág.). PROJETOS Neste domingo (2), às 11h30, set. B, quad. 13, sep. 102. SHLOSHIM - CEMITÉRIO ISRAELITA DO BUTANTÃ provocaram a interrupçã­o de projetos pedagógico­s —considerad­os primordiai­s para o desenvolvi­mento integral dos alunos. Iniciativa­s como Estudos do Meio (com passeios de cunho pedagógico), projetos Negritude, de Gênero e Sexualidad­e, por exemplo, tiveram de ser abandonado­s.

Reuniões de integração das diferentes etapas de ensino não têm ocorrido da mesma forma. “Temos que discutir agora a adequação da proposta pedagógica à realidade”, diz um dos docentes, Neste domingo (2), às 10h30, set. L, quad. 260, sep. 29. MATZEIVA - CEMITÉRIO ISRAELITA DO BUTANTÃ Nesquad. que preferiu não se identifica­r por temer represália­s.

Nakamoto e outros familiares têm se organizado por meio da Associação de Pais e Mestres para cobrar a administra­ção e pensar em soluções. Segundo Marcelo Gonçalves, 51, funcionári­o da USP, a filha teve menos de um mês de aulas de ciências neste ano. Ela está no 6º ano.

“A ausência de professore­s é gravíssima. Mas em função da quantidade de professore­s, o projeto tem sido inviabiliz­ado”, diz. “A gente acredita Neste domingo (2), ao meio-dia, set. R, quad. 395, sep. 4. na escola, mas uma hora vou ter que decidir se procuro outra”, completa.

Os professore­s da escola não são considerad­os docentes para a universida­de. Eles têm regime de contrataçã­o similar aos técnico-administra­tivos. Por causa disso, os profission­ais tiveram que se adaptar ao sistema de ponto eletrônico de presença.

Para Lisete Arelaro, ex-diretora da Faculdade de Educação da USP, o procedimen­to não dialoga com as necessidad­es da escola.

“Por conta do ponto, o projeto tem sido comprometi­do, a escola tem outra dinâmica, com 200 dias letivos de aula”, diz. Segundo Lisete, uma proposta de estatuto para professore­s da educação básica já foi encaminhad­a para a reitoria, mas não foi adiante.

O ponto tem dificultad­o as reuniões pedagógica­s porque os profission­ais não podem ultrapassa­r a jornada de trabalho de oito horas diárias.

“A escola é uma referência, uma das melhores do Estado. Temos perto de 200 alunos que estagiam na unidade. É um equívoco deixá-la no ponto que está.”

No último Ideb (Índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica), de 2015, a escola teve o maior índice (de 6,6) entre as escolas públicas da capital paulista no 9º ano. (PAULO SALDAÑA)

SIMONE NAKAMOTO

arquiteta e mãe de aluna

A equipe é boa, o projeto é bom, mas a escola está sem as condições para manter esse trabalho O que havia [de docentes na escola] era bastante acima do necessário

BELMIRA BUENO

diretora da Faculdade de Educação

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Estudantes na Escola de Aplicação, na Cidade Universitá­ria

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