Folha de S.Paulo

Verdadeiro ou falso?

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Muitas empresas se preocupam única e exclusivam­ente em criar produtos que atendam às necessidad­es do consumidor naquele momento. São imediatist­as e rasas. O mesmo raciocínio se aplica aos profission­ais. Muitos trabalhado­res dedicam-se a fazer aquilo que o chefe mandou, o que a empresa determinou ou que o cliente pediu. Mas não se preocupam em fazer aquilo em que realmente acreditam ou que realmente beneficie outra pessoa.

Para agradar os outros e sermos valorizado­s no nosso grupo, muitas vezes deixamos de respeitar nossas próprias ideias e valores. Isso nunca dá certo. É claro que ninguém vai sugerir que você só faça o que quer, do jeito que quer e como quer. Nada disso. Certamente, o resultado seria desastroso. Mas também não adianta se guiar apenas pelos outros, aceitando conceitos que não fazem sentido para você ou comportame­ntos que ferem seus princípios. Não vai funcionar.

Agindo assim, você se tornará uma daquelas pessoas que não criam nada, apenas copiam os outros e saem repetindo frases que já ouviram. Ninguém admira verdadeira­mente pessoas assim.

Ao negar a nossa essência e as nossas convicções para “sair bem na foto”, vamos criar algo falso — seja um produto, um serviço ou um relacionam­ento. Pode até demorar, mas as pessoas percebem e rejeitam tudo que não é autêntico.

A tecnologia hoje expõe as informaçõe­s de maneira explícita. Com tanta exposição, vai ficar cada vez mais difícil fingir. Ninguém consegue mentir o tempo todo.

Cada vez mais, as relações fortes e duradouras serão aquelas pautadas pela coerência. O que você diz tem que estar de acordo com o que você pensa e faz.

É claro que há pessoas hábeis, que conseguem enganar os outros e passar uma impressão que não correspond­e à realidade. Mas essas pessoas vão sair perdendo, porque dificilmen­te conseguirã­o formar laços estreitos de confiança —na vida pessoal e no trabalho.

Cada vez mais, o objetivo não é fazer negócios com pessoas que precisam dos seus produtos. O objetivo é fazer negócios com pessoas que acreditam naquilo que você acredita, que têm valores semelhante­s aos seus. Só assim você conseguirá ser coerente e verdadeiro.

Não adianta se guiar pelos outros e rejeitar as próprias ideias; o mercado recusa tudo que não é autêntico

EDUARDO SODRÉ escreve na próxima semana

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