Folha de S.Paulo

VEJA VÍDEOS DOS ENTREVISTA­DOS EM FOLHA.COM/PAPASNALIN­GUA E FOLHA.COM/VIDEOHATER

- THAIZA PAULUZE

“Boa noite putinha petralha.” A mensagem que surgiu no inbox do meu Facebook às 21h45 no dia 19 de abril foi surpreende­nte, mas não muito. Antes disso, havia conversado com Bernardo Lopes Hortmann, 31, sobre seus comentário­s agressivos em sites e redes sociais.

“As pessoas não gostam de ler a verdade. Eu falo, doa a quem doer”, disse o mineiro de Belo Horizonte.

Na verdade de Bernardo Hortmann cabe chamar o expresiden­te Lula de “verme de nove dedos”, escrever que “corruptos merecem morrer fuzilados” e que “petralha bom é petralha morto e enterrado em pé para ocupar menos espaço”.

O motorista particular, que estava desemprega­do havia seis meses, não acredita na mídia. “São todos corrompido­s, não dizem a verdade e fazem matérias manipulada­s. A mim, não enganam.”

Na entrevista on-line, amigável, defendeu uma intervençã­o militar no Brasil. Comparou-se a Jair Bolsonaro (PSC-RJ), seu herói e candidato a presidente em 2018. Vê no deputado a “coragem para colocar ordem no país”.

Após cerca de 40 minutos de conversa, Hortmann teve que encerrar o bate papo. Disse que ia pensar se aceitaria dar uma entrevista ao vivo, em Belo Horizonte.

Ressurgiu à noite, depois de ter visto meu perfil no Facebook. Parece ter se irritado com a minha formação numa universida­de pública, que descreve como “UERJ, escola de comunistas do inferno, onde só tem maconheiro­s”.

Seguiram-se 31 mensagens, várias contendo ameaças: “Vou te encher de porrada” e “Vem a BH quando? Estou doido para fuzilar sua cara”.

Fui chamada de “vagabunda arregaçada”, “bandida”, “miserável”, “acéfala”. Não respondi. Cinco horas depois, a mensagem final foi “Ainda não morreu, filha da puta? Vá para o inferno logo, seu lixo!”, enviada às 2h56, quando, enfim, saiu da rede.

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