Folha de S.Paulo

Por volta das 21h (22h em Brasília), Piñera fez um discurso emotivo em seu comitê.

- SYLVIA COLOMBO

O ex-presidente conservado­r Sebastián Piñera, 67, foi o principal vencedor das eleições primárias no Chile, neste domingo (2), derrotando, com 57,4% dos votos, os outros dois pré-candidatos de sua aliança, Manuel José Ossandón (27,5%) e Felipe Kast (14,9%), segundo dados oficiais.

No total, sua coalizão, a Chile Vamos, recebeu 1,3 milhão de votos.

A outra vencedora foi a jornalista Beatriz Sánchez, 46, que derrotou, dentro da aliança esquerdist­a Frente Ampla, com 67,7% dos votos, o sociólogo Alberto Mayol (32,2%). É a primeira vez que a nova coalizão disputa uma eleição presidenci­al, e obteve, no total, 300 mil votos.

A Frente Ampla foi formada aos moldes do Podemos espanhol e reúne o apoio dos movimentos sociais e estudantis que foram às ruas em 2011 pedir reformas.

Os números correspond­em a 97,83% dos votos contados oficialmen­te pelo Servel (Serviço Eleitoral) do Chile, até as 22h30 de Brasília. Segundo o órgão, não há chance de reversão desse resultado.

Já a aliança governista, a Nueva Mayoría, que substituiu a Concertaci­ón, se desfez, e os principais partidos sairão com candidatos próprios, portanto não disputaram primárias neste domingo (2) —a atual mandatária, Michelle Bachelet, não pode concorrer porque o Chile não permite reeleição presidenci­al consecutiv­a.

O mais bem posicionad­o nas pesquisas é o também jornalista Alejandro Guillier, 64, que se firma agora como candidato governista, enquanto o partido democrata-cristão, que deixou a coalizão, sairá com Carolina Goic, 44.

A pesquisa mais recente, anterior a esta primária, dava a liderança geral para a eleição presidenci­al de 19 de novembro para Sebastián Piñera, com 25% das intenções de voto. Em segundo, vinha Guillier, com 21%, enquanto Sánchez, cuja intenção de voto vem subindo, estava com 15%; Goic tinha apenas 4%.

O voto não é obrigatóri­o no Chile e, caso nenhum dos candidatos obtenha maioria no primeiro turno, se disputará um segundo, em 17 de dezembro. PIÑERA Disse que, apesar de já ter sido presidente uma vez (20102014), um próximo governo seu não seria “de nostalgia, mas sim de busca pela retomada o cresciment­o que tínhamos então, porque nós sabemos como fazer isso.”

O ex-presidente refere-se aos 5% de aumento do PIB que o país alcançou sob seu comando —hoje não chega a 2%.

Piñera também fez elogios à seleção chilena, que mais cedo foi derrotada (por 1x0) pela Alemanha na final da Copa das Confederaç­ões. Disse que os jogadores da “Roja” (como é conhecida a seleção) são “um exemplo de valentia e colaboraçã­o que servem de inspiração para nosso trabalho”.

Também afirmou que seu governo dará especial atenção à classe média, “coluna vertebral da sociedade” e que combateria “a delinquênc­ia, o narcotráfi­co e o terrorismo”. JOGO E VOTO A final da Copa das Confederaç­ões acabou sendo um entrave para os eleitores, pois causou filas nos postos de votação pouco antes da partida.

“É um dilema. Se você chega cedo demais, pode ser que te peguem para trabalhar como mesário. Se chega tarde, perde o jogo”, disse à Folha Erwin Cuña, 38, que ficou mais de duas horas na fila numa escola de Ñuñoa.

No Chile, é comum que mesários faltem à convocação do Servel para trabalhar nas eleições. Quando isso ocorre, é preciso esperar que as mesas se formem com a convocação dos primeiros eleitores a chegar nos centros de votação.

 ?? Esteban Félix/Associated Press ?? Ex-presidente Sebastián Piñera acena a público após votar
Esteban Félix/Associated Press Ex-presidente Sebastián Piñera acena a público após votar
 ?? Esteban Felix/Associated Press ?? Chileno vota em zona eleitoral de Santiago, neste domingo
Esteban Felix/Associated Press Chileno vota em zona eleitoral de Santiago, neste domingo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil