2º ENCONTRO DE MULHERES NEGRAS NA DANÇA
FOLHA
Visões estereotipadas e exclusão dos circuitos oficiais da cultura foram as “provocações” para a companhia Nave Gris criar o Encontro de Mulheres Negras na Dança, que inicia sua segunda edição, em São Paulo, nesta segunda (3).
“O trabalho da artista negra é colocado em um lugar folclórico, com uma visão de corpo sexualizado que não passa disso. E ela só é procurada para se apresentar em determinadas datas, como o Dia da Consciência Negra”, diz Kanzelu, criadora e coordenadora do evento.
Para o encontro, que será realizado no Centro de Referência da Dança, os organizadores tentaram reunir trabalhos que mostram a diversidade da produção dessas artistas na cena contemporânea.
“A dança negra atual usa elementos da cultura afro, de danças contemporâneas, populares e urbanas, como o funk e o passinho, e as experiências de vida dos artistas”, diz a coordenadora do encontro, que também faz parte da Nave Gris Cia Cênica.
O encontro terá trabalhos experimentais, criações ligadas a questões de gênero e também as que agregam elementos das danças ancestrais da cultura afro-brasileira.
Na abertura, Ana Musidora apresentará a performance “Leite Derramado”, inspirada no tratamento dado a mucamas e amas de leite no período colonial.
Dois solos de jovens artistas são de temática feminista. “território Meu” (sim, t minúsculo e M maiúsculo), de Ciça Cecília, trata dos assédios cotidianos ao corpo da mulher negra. “Rés”, de Verônica Santos, é baseado no trabalho da intérprete e de sua mãe realizado em prisões femininas de Minas Gerais.
Já as apresentações de Ouvindo Passos e Núcleo Coletivo 22, agregam elementos de danças ancestrais. “Preciso saber de onde venho para saber aonde vou”, diz Kanzelu.
O encontro inclui uma exposição com fotos de Mônica Martins, workshops e a criação de um arquivo para mapear o trabalho de artistas negras em São Paulo.
“Precisamos criar essa memória. Com exceção do Balé Folclórico da Bahia, nenhum grande grupo com patrocínio tem bailarinas negras, nem o Balé da Cidade. Mais raro ainda é encontrar mulheres negras na função de coreógrafas ou diretoras”, diz Kanzelu.
Segundo ela, que trabalha em uma tese de mestrado sobre a dança contemporânea negra em São Paulo, esse movimento começou no Brasil nos anos 1950, com bailarinos negros que foram estudar e trabalhar nos EUA e voltaram para criar as primeiras escolas e os primeiros grupos.
“A dança afro até despertou QUANDO seg., 3, às 19h, abertura da exposição e performance “Leite QUANTO grátis CLASSIFICAÇÃO livre