Folha de S.Paulo

Desinforma­ção demagógica

PEC que elaborei pretende acabar com regra injusta e estabelece­r um patamar único de salário a todos os servidores públicos paulistas

- CAMPOS MACHADO (São Paulo, SP) saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Pautar-se pela verdade é um dever dos parlamenta­res. Agir de outra forma, além de desrespeit­ar a tradição da Assembleia Legislativ­a do Estado de São Paulo, é também ser desleal com o povo paulista.

Refiro-me aqui ao jogo rasteiro de alguns parlamenta­res ao falar da proposta de emenda à Constituiç­ão número 5, de 2016, de minha autoria. O texto propõe a criação de um subteto estadual para salários dos funcionári­os públicos paulistas.

A primeira informação falsa é que o projeto representa­ria um privilégio para poucos. Mentira.

Basta observar o artigo 37 da Constituiç­ão Federal para entender que é facultado aos Estados fixar um subteto único de vencimento­s —exatamente o que a PEC tenta fazer. A medida, se aprovada, valeria para todos os municípios do Estado. Que privilégio é esse, então, que atende a todos?

Outro absurdo é insinuar que a PEC 05 vai privilegia­r as elites. Ao contrário, favorece pais de família que recebem menos.

É fácil compreende­r isso: imagine uma empresa em que o salário é vinculado ao pró-labore do proprietár­io. Ou seja, se o proprietár­io, que não precisa do salário para sobreviver, decidir não aumentar seus vencimento­s por dez anos, ninguém terá nem 1% de aumento. É exatamente isso o que acontece no Estado.

Não podemos, portanto, ser desinforma­dos ao comparar um servidor comum a um prefeito ou governador. Um chefe do Executivo não depende apenas do salário para sobreviver: ele dispõe de prerrogati­vas, que, mesmo legítimas, fazem de sua política salarial uma escolha política, já que certamente não terá dificuldad­es para prover seu lar se seu salário não aumentar.

Essa PEC não vai determinar que todos recebam a remuneraçã­o dos desembarga­dores, hoje em R$ 30.400. Isso é outra mentira.

Esse valor será a referência máxima. Apenas um chefe de categoria, com décadas de experiênci­a, chegará ao teto, seguindo regras estabeleci­das em plano de carreira.

Em artigo recente, sem perceber, o deputado Pedro Tobias (PSDB), crítico contumaz da PEC 05, confundiu teto com subteto e acabou por defender a tese proposta na emenda.

Os críticos da PEC escondem da população que o atual regime salarial favorece a elite do funcionali­smo, que recebe mais do que o governador. Executivos municipais, Tribunais de Contas, Procurador­ia, Defensoria Pública, entre outros, valem-se de pareceres jurídicos internos para não aplicar o teto, ou para usar como referência salários de ministros do STF, hoje em R$ 33.763 mensais.

O texto que elaborei pretende acabar com essa regra injusta, em que a elite aumenta seus próprios salários, e criar um patamar único de vencimento­s a todos os servidores.

A PEC 05 defende os funcionári­os da base —e só a partir de informaçõe­s verdadeira­s as pessoas poderão compreende­r a realidade.

Nada é pior do que acusar os outros daquilo que você faz e chamar os outros daquilo que você é. CAMPOS MACHADO,

WILSON DOMINGOS DA COSTA

Reforma política A França tem um PIB maior que o nosso e pertence ao seleto grupo do G7. O seu presidente, Emmanuel Macron, dá uma lição de austeridad­e no tocante aos gastos públicos, reduzindo em um terço o número de parlamenta­res. Enquanto isso, aqui no país, a nossa alta carga tributária sustenta 513 deputados federais e 81 senadores, sendo que uma parte expressiva está preocupada em defender os seus interesses (“Macron propõe cortar 1/3 do Legislativ­o”, “Mundo”, 4/7).

LUIZ FELIPE SCHITTINI

Coreia do Norte Não dá para acreditar que um país como a Coreia do Norte possa estar fustigando os EUA senão como movimento de uma peça (peão, no caso) num jogo de xadrez político de maior escala, com o objetivo, por exemplo, de levar a superpotên­cia a desvelar o limite das suas armas e estratégia­s de defesa (“Míssil coreano é de longo alcance, dizem EUA”, “Mundo”, 5/7). Há quem acredite que aquele país medieval, premido por longo e severo boicote, possa estar desenvolve­ndo mísseis e armas atômicas sozinho?

THYRSO DE CARVALHO JR

Venezuela Por que chavistas invadem o parlamento? Porque são inimigos do povo, dos seus representa­ntes, das leis e da democracia (“Grupos chavistas invadem Assembleia Nacional e ferem deputados”, folha.com/no1898668).

JORGE ALBERTO NURKIN

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(São Paulo, SP)

Polícia Não há segurança pública sem investimen­to em pessoal, estrutura e salário das polícias, mas os governos parecem não concordar. Até quando um assunto tão delicado será tratado assim? Sobre as polícias judiciária­s, bem afirma Rodolfo Laterza, “estão sucateadas, sem estrutura básica, mal remunerada­s e com um efetivo irrisório”. São Paulo não investe como deveria na Polícia Civil. Sem investimen­to em quem investiga o crime, quem ganha é a criminalid­ade (“Um novo modelo de polícia para o Brasil”, Tendências/Debates, 5/7).

RAQUEL KOBASHI GALLINATI, Paulo (São Paulo, SP)

Procurador­ia-Geral de SP Sobre “Disputa de uma década com a Shell expõe dificuldad­es do fisco em SP” (“Mercado”, 2/7), a PGE cumpriu com rigor técnico a defesa do interesse público, ao contrário do que a reportagem quer fazer crer. A cobrança se manteve suspensa por força de decisões judiciais, ainda que combatidas pelos recursos cabíveis. A suspensão após o julgamento de 2016 se deu para localizaçã­o de bens e recálculo do débito, garantido pela empresa por seguro-garantia apresentad­o em junho de 2017. Portanto o Tesouro do Estado de São Paulo não corre nenhum risco de inadimplên­cia caso o Estado saia vitorioso.

SYLVIO MONTENEGRO,

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