Folha de S.Paulo

GOVERNO ENCURRALAD­O Pressão por desembarqu­e cresce, diz Tasso

Presidente interino do PSDB afirma que a tendência do partido de deixar o governo Temer ‘é cada vez mais clara’

- TALITA FERNANDES

Segundo ele, o PSDB não controla a forma como deputados da sigla vão se posicionar sobre denúncias

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse nesta quartafeir­a (5) que é crescente o movimento de “desembarqu­e” da sigla do governo de Michel Temer. “A posição do partido é cada vez mais clara. Não dá para controlar, as coisas vão acontecend­o”.

Para o tucano, um dos principais defensores de que o PSDB deixe ministério­s e demais cargos na gestão Temer, a tendência de saída do governo é crescente. “O posicionam­ento é por desembarqu­e, não de oposição ao governo”, afirmou.

Tasso citou como exemplo dessa “movimentaç­ão crescente” a análise da denúncia contra Temer na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) da Câmara. Ele diz que o PSDB não controla a forma como os deputados do partido vão se posicionar sobre o caso. “A grande maioria já está se posicionan­do”.

Pela contagem dos tucanos, entre 5 ou 6 deputados do partido devem votar a favor do recebiment­o da denúncia contra Temer na CCJ, e apenas um ou dois tendem a votar contra.

O STF (Supremo Tribunal Federal) só poderá analisar a denúncia apresentad­a pela PGR (Procurador­ia-Geral da República) contra Temer, que o acusa de ter cometido crime de corrupção passiva, se houver uma autorizaçã­o prévia da Câmara dos Deputados. O caso será analisado pela CCJ da Casa e, posteriorm­ente, pelo plenário, onde são necessário­s 342 votos para que o processo tenha sequência.

De acordo com senadores do PSDB ouvidos pela Folha, a bancada do partido no Senado também já tem uma maioria pró-desembarqu­e. Esse movimento foi notado em reunião na terça (4), dia em que o senador Aécio Neves (MG) retomou o mandato no Senado, após 46 dias afastado por determinaç­ão da Justiça.

Nas conversas, Tasso e outros senadores foram incisivos para que o partido deixe o governo. Apenas o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), defendeu a permanênci­a. De acordo com os presentes, Aécio falou apenas em “unidade” do partido.

Ala significat­iva do partido também acredita que depois que a tramitação da reforma trabalhist­a no Senado for concluída, um tema caro ao PSDB, o partido tenderia ainda mais a abandonar a gestão Temer. PRESIDÊNCI­A Tasso afirmou ainda que o partido deve ter uma posição “definitiva” sobre a presidênci­a da sigla até o fim da semana. Ele assumiu interiname­nte o comando do PSDB em maio. Depois que o STF decidiu afastar Aécio de suas funções no Senado, ele decidiu se licenciar do cargo de presidente da sigla.

Com a volta de Aécio às atividades políticas, após decisão do STF da última sextafeira (30), o comando do PSDB terá de ser redefinido.

“A decisão será dele porque é ele que tem o mandato”, disse Tasso. “Até o fim da semana ele já terá organizado a casa”, disse.

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Pedro Ladeira - 30.mai.2017/Folhapress O senador Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, que defende saída do governo

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