Folha de S.Paulo

Em meio à crise, governo decide agir na comunicaçã­o

- GUSTAVO URIBE

DE BRASÍLIA

Alvo de denúncia de acusação de corrupção passiva, o presidente Michel Temer pretende reforçar a equipe de comunicaçã­o do Palácio do Planalto para tratar de gerenciame­nto de crise, atendiment­o a veículos de imprensa e aprimorame­nto de medidas governamen­tais.

A ideia em discussão é remanejar para a Presidênci­a da República contratos em vigor que foram vencidos por meio de licitação por empresas de comunicaçã­o para atender a pastas da Esplanada dos Ministério­s.

A estratégia é montar uma espécie de gabinete publicitár­io para melhorar a imagem do governo, que, segundo a última pesquisa Datafolha, detém aprovação de só 7%.

Nesta quarta-feira (5), a realocação dos contratos foi tratada em reunião, no Planalto, entre assessores presidenci­ais e representa­ntes do Grupo Inpress, da CDN Comunicaçã­o e da FSB Comunicaçã­o, detentoras de contratos na Esplanada.

A última atende à JBS, do empresário Joesley Batista, que acusou o presidente de liderar a “maior organizaçã­o criminosa do país” e cuja delação premiada baseia parte da denúncia e do inquérito contra ele no Supremo Tribunal Federal. Ela atende atualmente pastas como Saúde, Esporte e Defesa.

As empresas que farão esse serviço no Planalto e os valores gastos ainda não foram definidos. Segundo o Planalto, o serviço será temporário e feito enquanto é viabilizad­a uma nova licitação.

A assessoria da Presidênci­a nega que o uso de verba de ministério­s para serviço no Planalto sem uma concorrênc­ia pública seja uma prática ilegal, mesmo que essas empresas tenham vencido licitações para atender a funções e serviços específico­s em outras áreas do governo.

De acordo com o Planalto, o mesmo modelo foi utilizado durante a Olimpíada e a Paraolimpí­ada, em 2016, quando empresas de publicidad­e atuaram em conjunto para atender a veículos de imprensa internacio­nais.

Na época, a empresa CDN realizou treinament­o com ministros para eles lidarem com a imprensa, o chamado “media training”. O treinament­o foi direcionad­o a auxiliares presidenci­ais da linha de frente dos eventos mundiais, como os chefes da Casa Civil, Justiça, Cultura e Esportes.

O reforço ocorre no momento em que o presidente encontra dificuldad­es para conseguir o apoio de uma maioria simples na Comissão de Constituiç­ão e Justiça para barrar a denúncia da Procurador­ia-Geral da República, que o acusa de corrupção.

Caso a denúncia seja apoiada em plenário por 342 dos 513 deputados, o Supremo é autorizado a analisar a acusação contra o presidente.

Se o tribunal abrir a ação, Temer será afastado por até 180 dias.

A comunicaçã­o é considerad­a uma área sensível do governo peemedebis­ta desde que o presidente assumiu o Palácio do Planalto, em maio do ano passado.

Para tentar melhorá-la, Temer recriou o cargo de portavoz e abriu processo de licitação para empresas de publicidad­e no valor anual de R$ 208 milhões, que pode ser renovado por até cinco anos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta (5), em entrevista à rádio Arapuan, da Paraíba, que as manifestaç­ões de 2013 e o impeachmen­t da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) estão ligados a um suposto interesse dos EUA em desestabil­izar o Brasil. “Era uma manifestaç­ão que tinha muitos interesses, o principal afastar o PT do governo”, disse.

“O Brasil tinha virado protagonis­ta internacio­nal. Nenhum país conseguiu fazer o que o Brasil fez em 12 anos. Acho que tinha interesse americano que o Brasil não desse certo. É um ‘achômetro’, não tenho prova nenhuma.”

Sobre 2018, Lula disse que sonha em construir “um bloco de esquerda progressis­ta com PSB, PDT, PCdoB e personalid­ades dignas que existem nos outros partidos”. ATAQUE À GLOBO À noite, na posse da senadora Gleisi Hoffmann (PR) como presidente do PT, em Brasília, Lula fez ataques à Rede Globo. “É importante lembrar que a razão pela qual nos queremos a saída do Temer não é a mesma pela qual a Globo quer”, disse.

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