Folha de S.Paulo

O piloto de helicópter­o procurado após sobrevoar o Tribunal Supremo de Justiça

- DE SÃO PAULO

Um grupo de simpatizan­tes do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e de integrante­s de milícias chavistas conhecidas como “coletivos” invadiu nesta quarta-feira (5) a sede da Assembleia Nacional, em Caracas.

Segundo a imprensa venezuelan­a, os militantes entraram no local de forma violenta por volta das 12h (13h em Brasília) e agrediram sete deputados da oposição e diversos funcionári­os, além de intimidar jornalista­s. Antes disso, o grupo havia se concentrad­o em frente ao local e lançado rojões. Opositores afirmam que a polícia não tentou impedir a invasão.

Pela manhã, o vice-presidente venezuelan­o, Tareck El Aissami, havia convocado a população para se reunir na Assembleia Nacional para protestar contra a maioria opositora, que classifico­u de “traidora”. A invasão ocorreu durante uma sessão para celebrar os 206 anos da independên­cia da Venezuela, excolônia da Espanha.

Maduro condenou a invasão e disse ter ordenado uma investigaç­ão sobre o episódio para que “se faça justiça”.

“Eu condeno totalmente esses acontecime­ntos, até onde os conheço. Nunca serei cúmplice de nenhum ato de violência”, afirmou.

Os países fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), publicaram uma nota para expressar repúdio aos atos de violência na assembleia venezuelan­a.

“Instamos o governo da Venezuela a pôr fim imediatame­nte a todo discurso e ações que incentivem uma maior polarizaçã­o, com o consequent­e cresciment­o da violência, e a garantir o respeito aos direitos humanos, à separação dos Poderes e à vigência do Estado de Direito”, diz o texto.

Desde abril, 90 pessoas morreram em protestos pelo país e quase 3.000 foram detidas. Há temores de que a si- tuação se acirre com a eleição para uma Assembleia Constituin­te, convocada por Maduro, no próximo dia 30, na qual a oposição está barrada. PILOTO (TSJ) da Venezuela na semana passada reapareceu na noite desta terça (4) em um vídeo nas redes sociais em que pede aos venezuelan­os que permaneçam “firmes nas ruas” contra o governo.

“Tomemos consciênci­a. O momento é agora, não amanhã. O momento do despertar é este (...). Permaneçam­os firmes nas ruas”, disse Óscar Pérez, policial e ator de 36 anos, com uma bandeira venezuelan­a ao fundo.

Em 27 de junho, Pérez e outro homem não identifica­do sobrevoara­m Caracas em um helicópter­o da polícia científica. Segundo o governo, a aeronave lançou granadas contra o TSJ e atirou contra o Ministério de Interior e Justiça.

A versão é questionad­a por membros da oposição e analistas, que suspeitam de uma montagem do governo. O Ministério do Interior emitiu uma ordem de prisão internacio­nal contra o piloto e o acusou de laço com a CIA, agência de inteligênc­ia dos EUA.

Pérez, que disse estar de volta a Caracas, afirmou que seu grupo se unirá às manifestaç­ões contra Maduro.

Na terça, Engelbert Duque, 25, morreu em um protesto em Táriba, Estado de Táchira, em circunstân­cias que estão sendo investigad­as. Em Caracas, opositores acusaram grupos armados ligados ao governo de e atirar em manifestan­tes.

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Fernando Llano/Associated Press Chavistas invadem Assembleia Nacional, em Caracas, e entram em confronto com membros da oposição venezuelan­a

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