Folha de S.Paulo

Comédia ‘A Fórmula’ questiona incessante busca pela juventude

Em série da Globo, Drica Moraes vive cientista que cria um modo de rejuvenesc­er e conquistar antigo namorado

- LÍGIA MESQUITA

Diretoras brigaram para mostrar na televisão o envelhecim­ento natural: atriz aparece com os fios de cabelo brancos

Luisa Arraes conta que há pouco tempo, aos 16, mentia ter 20 para ser levada a sério. Hoje, aos 23, a atriz ri disso e aconselha as primas mais novas a viverem a idade que têm.

Ela fala desse episódio da adolescênc­ia para tentar explicar um pouco o tema de “A Fórmula” (Globo), que protagoniz­a ao lado de Drica Moraes e Fabio Assunção, com estreia nesta quinta (6).

Para Luisa, apesar de ser um produto de humor, leve, “A Fórmula” toca em temas pertinente­s. “Fala das particular­idades de cada idade. E é bom cada um viver a sua.”

Nas entrelinha­s desta série cômica, escrita por Mauro Wilson e Marcelo Saback e dirigida por Flávia Lacerda e Patricia Pedrosa, está a mensagem: envelhecer é bom e um processo natural.

“Falar disso era fundamenta­l. Ainda mais na TV, antro da beleza e da juventude”, afirma a diretora Flavia. “Do contrário, a premissa inicial soaria machista, a de um homem ser apaixonar de novo por uma mulher mais nova.”

Vamos à tal premissa. Na trama romântica, Drica é a cientista Angélica. Na juventude, ela (interpreta­da por Luisa Arraes) e Ricardo (Klebber Toledo) terminam o namoro porque ele vai estudar fora.

Trinta anos depois, Ricardo (agora Assunção) compra o laboratóri­o onde Angélica trabalha. E ela está em vias de patentear sua nova invenção, uma fórmula da juventude.

Angélica vira cobaia de si mesma e se vê com a aparência de três décadas antes.

Feliz com o resultado, decide brincar com o novo corpo e se aproxima de Ricardo. Ele se encantará por Afrodite (Arraes), nome que a cientista dá ao seu eu mais jovem, já que a moça o faz lembrar de sua grande paixão juvenil.

Surgem dessa situação os conflitos engraçados da produção, com um triângulo

DRICA MORAES

atriz, sobre aparecer na TV com os fios de cabelo brancos amoroso formado por duas mulheres que são a mesma.

“Angélica se dará conta de que, para reconquist­ar esse homem, precisará das qualidades que não são apenas as da juventude”, diz Drica.

Para que a mensagem da naturalida­de de se envelhecer fosse passada, as diretoras brigaram por um conceito estético pouco visto na TV.

Drica, 47, aparecerá com fios brancos. “É difícil botar isso na TV”, diz Patricia.

A protagonis­ta conta ter estranhado, de início, ver-se com fios brancos. “É esquisito, assim como em qualquer quebra de padrão. Tem um abatimento que o cabelo te dá. Mas foi uma luta das diretoras e acho que está se legitimand­o essa nova mulher, potente, sexy, que tem desejos, que não é só a chata que reclama do cotidiano”, diz Drica.

Na opinião de Luisa, a série trata com leveza sobre envelhecer. “As pessoas têm mais medo de envelhecer do que morrer. E temos que falar dessa pressão sobre a mulher ficar eternament­e jovem, senão a gente deixa se levar por um mundo que quer nos colocar num lugar etéreo. E somos corpo, matéria, vida.”

“Tem um abatimento que o cabelo te dá. Mas foi uma luta das diretoras e acho que está se legitimand­o essa nova mulher, potente, sexy, que tem desejos, que não é só a chata que reclama do cotidiano

NA TV A Fórmula quintas (a partir de 6/7), após a novela “Os Dias Eram Assim”, na Globo

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Paulo Belote/Divulgação Luisa Arraes (esq.) e Drica Moraes como as versões jovem e atual de Angélica, que inventa uma fórmula da juventude

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