Folha de S.Paulo

Cirurgia ainda não foi feita em crianças no país

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DE SÃO PAULO

As famílias das crianças que precisam de transplant­e de intestino ou multivisce­ral (que inclui também estômago, fígado e pâncreas) estão perdendo na Justiça a batalha contra o Sistema Único de Saúde (SUS) para que a União pague pelo procedimen­to no exterior.

Desde o fim de 2016, os juízes negaram dois pedidos para que o SUS custeie a operação em Miami, principal centro de referência para o tratamento no mundo. Antes, o Estado já havia sido obrigado a pagar outros cinco tratamento­s.

Os juízes decidiram acolher os argumentos da União de que três hospitais no país estão capacitado­s a realizar o procedimen­to: Sírio-Libanês, Hospital das Clínicas da USP e Albert Einstein.

Até agora, não foi realizado nenhum transplant­e de intestino pediátrico no Brasil. Só o Sírio-Libanês operou uma mulher adulta, que morreu.

“As equipes brasileira­s habilitada­s foram capacitada­s em centros internacio­nais de referência. Os dois pedidos de novos transplant­es serão realizados no Sírio-Libanês e aguardam doadores com peso e sangue compatívei­s”, informou o Ministério da Saúde.

De acordo a pasta, ainda não foram registrado­s doadores pediátrico­s de intestino no Brasil.

“Somos os primeiros da lista desde fevereiro e o problema é que esse doador nunca aparece. Meu filho está perdendo as condições de fazer o transplant­e”, diz Joseli Alves dos Santos, 33, mãe de Samuel, 1 ano e 7 meses. O menino sofre da síndrome de Berdon, que afeta intestino, estômago e bexiga, e precisa de um transplant­e multivisce­ral.

Segundo Rodrigo Viana, diretor do instituto de transplant­es do Jackson Memorial Hospital, em Miami, há uma “janela” para o transplant­e. O paciente pode ficar sem condições de ser operado se tiver complicaçõ­es.

De acordo com João Seda, médico do núcleo avançado de fígado do Sírio-Libanês, “não existe competição entre a reabilitaç­ão e o transplant­e”. Ele diz que o hospital está apto a realizar o transplant­e de intestino, mas reconhece que o Brasil pode melhorar os números de doadores. (RL)

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