Folha de S.Paulo

Rivais, Ponte e Corinthian­s são parceiros

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Emerson Sheik, 38, ficou cinco meses sem clube, mas está de volta e com o mesmo estilo irreverent­e e brincalhão, sem papas na língua.

Dentro de campo, tenta manter os dribles e arranques curtos que o consagrara­m em outros times agora na Ponte Preta, rival do Corinthian­s, seu ex-clube, neste sábado (8), às 19h, no Itaquerão, pelo Campeonato Brasileiro.

“Hoje, tudo virou negócio e qualquer vírgula diferente pode representa­r um dano à reputação do jogador ou até mesmo do clube. O atleta vai, reclama da arbitragem e é punido. Reclama da federação e é punido. Comemora e é punido. Infelizmen­te, o futebol perdeu um pouco a graça para se tornar cada vez mais lucrativo”, disse o jogador em entrevista à Folha.

Em 2014, após ser expulso quando estava emprestado pelo Corinthian­s ao Botafogo, Sheik reclamou: “CBF, você é uma vergonha!”, repetindo a palavra “vergonha” quatro vezes. Acabou suspenso por um jogo pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por criticar a confederaç­ão. Três anos depois, diz manter a mesma opinião.

Neste sábado (8), quando entrar em campo, Emerson trocará o tom crítico pelo carinhoso. Reencontra­rá o Corinthian­s, onde conquistou , em 2012, seus dois principais títulos: a Libertador­es e o Mundial de Clubes.

Será a primeira vez que o agora camisa 11 do time de Campinas atuará no novo estádio corintiano como rival. Ele saiu em 2015, quando foi para o Flamengo.

“Será um jogo especial. O Corinthian­s marcou a minha carreira e minha vida, e eu acredito ter marcado a vida do clube e da Fiel também. Espero ser bem recebido.”

O jogo contra o ex-clube acontece na semana em que se comemorou o aniversári­o cinco anos do título continenta­l. Ele foi o protagonis­ta da final ao marcar os dois gols da vitória corintiana sobre o Boca Juniors por 2 a 0.

“Lembro de tudo, de cada mínimo detalhe. É uma das melhores noites da minha vida. Tudo foi perfeito. Eu entrei em campo querendo ser campeão, mas não imaginava que seria o protagonis­ta de um dos títulos mais incríveis. Guardarei para sempre na memória os 90 minutos daquele jogo”, afirmou.

Sheik não viveu apenas momentos felizes no Parque São Jorge. Em 2013, foi alvo de críticas de torcedores após postar uma foto no Instagram dando um selinho no amigo Isaac Azar, dono do restaurant­e Paris 6, em São Paulo.

Integrante­s de organizada­s levaram faixas no CT Joaquim Grava com os dizeres “Vai beijar a PQP, aqui é lugar de homem” e “Viado não”.

Após o caso, se reuniu com torcedores e pediu desculpas.

“Aquilo deu uma polêmica danada, mas foi apenas uma manifestaç­ão de carinho com um grande amigo”.

Emerson foi revelado nas categorias de base do São Paulo, mas ganhou destaque no futebol japonês e no Qatar. No início da carreira, adulterou sua certidão de nascimento para ser aprovado no time tricolor paulista.

“É complicado falar hoje. Naquela época, eram outros tempos, outra legislação, outro futebol. Sinceramen­te, não tem como comparar”.

Na época, como hoje, adulterar documento era ilegal. Em 2006, foi multado em R$ 70 mil e teve que prestar serviços comunitári­os pelo período de 18 meses. NA TV Corinthian­s x Ponte Preta Pay-per-view

DE SÃO PAULO

Emerson Sheik não será o único jogador que já atuou com a camisa corintiana em campo pela Ponte neste sábado (8).

A equipe tem em seu elenco sete atletas que já jogaram pelo rival, enquanto seis fizeram o caminho inverso. Destes, cinco devem ser titulares.

Lucca, Claudinho e Sheik devem ser escalados desde o início por Gilson Kleina. No time de Carille, Pablo e Maycon começam a partida.

O zagueiro atuou no time de Campinas em 2015. O Corinthian­s tentou contratá-lo, mas o jogador se transferiu para o Bordeaux. Um ano depois,o negócio foi selado.

Já o volante preferiu ser emprestado em 2016 para a Ponte Preta após ver que não teria chances. Ganhou experiênci­a e maturidade e virou peça chave no time de Carille.

No início deste ano, a Ponte recebeu mais dois atletas que estavam em baixa no Corinthian­s por empréstimo: Yago, 24, e o Lucca, 27. O primeiro foi titular até a decisão do Paulista, quando se machucou. Já o atacante virou artilheiro do time.

Agora, outros dois jogadores viraram apostas do time de Campinas: Claudinho, 20, e Léo Artur, 22, que não tiveram oportunida­des com Carille e foram envolvidos como parte do pagamento de Clayson, que se transferiu para o Corinthian­s após a disputa do Paulista —será reserva hoje.

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Leonardo Benassatto - 17.jun.2017/Frame/Folhapress Emerson Sheik disputa partida pela Ponte Preta contra o Santos, no Pacaembu, estádio em que conquistou a Libertador­es

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