Folha de S.Paulo

Eles são altamente qualificad­os, da academia e do mercado, mas tenho excesso de alternativ­as para substituí-los no banco.

- FLÁVIO FERREIRA MARIO CESAR CARVALHO

DE SÃO PAULO

Apesar da existência de laudos da Polícia Federal e do TCU (Tribunal de Contas da União) mostrando superfatur­amento em obras de empreiteir­as envolvidas na Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal optou por não tratar do assunto ao propor ações para cobrar indenizaçõ­es das construtor­as.

No acordo da delação assinada pela Procurador­ia com a Odebrecht, em dezembro, o tema de sobrepreço­s também não aparece.

O principal motivo alegado pela força-tarefa para não usar as auditorias foi a necessidad­e de evitar atrasos nas causascíve­isdeimprob­idade.

Porém, caso o superfatur­amento tivesse sido levado em conta, as indenizaçõ­es cobradas das empresas poderiam ter sido maiores.

Sobre a ausência do tema na colaboraçã­o premiada da Odebrecht, a Procurador­ia diz que a empreiteir­a reconheceu “implicitam­ente” ter inflado preços quando admitiu ter participad­o de um cartel para fraudar as licitações.

A posição da Odebrecht é a de que as propinas delatadas às autoridade­s do Brasil, EUA e Suíça não foram pagas para superfatur­ar valores de projetos, mas apenas para garantir as vitórias nas licitações e o cumpriment­o regular dos contratos.

A Procurador­ia diz que o não uso das auditorias da PF e do TCU nos processos de indenizaçã­o é uma estratégia para permitir o desfecho rápido das causas judiciais.

“Caso o superfatur­amento fosse incluído nas mesmas ações, isso poderia levar a uma discussão sobre a necessidad­e de perícia dentro do processo, o que poderia atrasar em muitos anos a conclusão dessas ações”, segundo a força-tarefa.

O Ministério Público Federal também levanta dúvidas sobreaprec­isãodoslau­dosda PF e do TCU.

Os preços reais de produtos e serviços de obras “são fatores de difícil, se não im- possível, reconstitu­ição. Por isso é que o TCU e a PF fizeram cálculos do tipo econométri­co ou estimado sobre os potenciais prejuízos”, de acordo com a Procurador­ia.

Mas o Ministério Público não descarta a possibilid­ade de usar as apurações a respeito de sobrepreço­s em processos futuros. “Estrategic­amente, optou-se por aguardar o amadurecim­ento dos cálculos e discussões sobre o superfatur­amento

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