Folha de S.Paulo

Gol fora de casa

- PAULO VINÍCIUS COELHO

ESTÁ COMPLETAND­O 50 anos a regra mais polêmica da Libertador­es e dos torneios mata-mata ao redor do mundo: o gol fora de casa.

A regrinha que beneficiar­á o Santos contra o Atlético-PR e dificultar­á a classifica­ção do Palmeiras contra o Barcelona de Guayaquil. Os equatorian­os marcaram em todas as suas viagens nesta edição da Libertador­es.

O sistema do gol fora de casa foi aplicado pela primeira vez, como teste, na Copa da Uefa de 1966, no confronto vencido pelo Dukla Praga contra o Honved, da Hungria.

O Dukla classifico­u-se por vencer na Tchecoslov­áquia por 2 a 1, depois de perder em Budapeste por 2 a 3. Passou a ser aplicado definitiva­mente pela Uefa na Liga dos Campeões da temporada 1967/68. Meio século atrás.

Serve para diminuir a quantidade de disputas por pênaltis.

Até hoje, há quem se confunda com a regrinha, porque durante décadas narradores e comentaris­tas disseram que o gol fora valia por dois. Não é assim. É apenas o segundo critério de desempate. Se dois times terminam o mata-mata empatados em pontos e em saldo de gols, aplica-se a regra.

Deu confusão grave, quando o árbitro holandês Laurens van Raaven não percebeu que os gols fora de casa valiam como critério de desempate também na prorrogaçã­o. Na Recopa da Europa de 1971/72, o Sporting venceu o Rangers, da Escócia, por 4 a 3 em Lisboa, depois de ter perdido em Glasgow por 3 a 2.

O empate por 1 a 1 na prorrogaçã­o fez van Raaven levar a partida para os pênaltis. O Sporting venceu. No dia seguinte, a Uefa revogou a decisão por razão óbvia. O Rangers marcou três gols no campo do Sporting, que fez apenas dois como visitante.

A Libertador­es adotou o critério em 2005. De lá para cá, foram 255 mata-matas e 24 decididos pelo gol fora –9%.

Nestes 12 anos, já se ouviu um confuso Abel Braga declarar que, em casa, é melhor empatar por 0 x 0 do que vencer por 2 x 1, antes de um confronto contra o Olimpia, pelas quartas de final de 2013.

Incrivelme­nte, os paraguaios classifica­ram-se com um empate por 0 x 0 no Rio de Janeiro, o resultado preferido de Abel. Depois, ganharam por 2 x 1 em Assunção.

A situação atual do Palmeiras não é desesperad­ora. O retrospect­o indica duas viradas de clubes que sofreram 1 x 0 como visitantes, nesta edição da Libertador­es.

O Olimpia ganhou do Independie­nte del Valle por 3 a 1, na primeira fase, e virou o 0 a 1. O Tucumán ganhou pelo mesmo marcador do Junior de Barranquil­la e também avançou.

Mas os palmeirens­es se lembram de terem sido eliminados pelo gol marcado como visitante, nas quartas de final de 2009. Empataram por 0 a 0 com o Nacional, em Montevidéu, por 1 a 1 no antigo Parque Antarctica.

Confortáve­l é a situação do Santos. Na história da Libertador­es, jamais um time venceu por 3 a 2 na casa do adversário, num mata-mata, e perdeu a vaga no jogo de volta.

Como o Barcelona de Guayaquil faz gol em todas as suas viagens, um duelo de quartas de final da Libertador­es 2017 com clássico Santos x Palmeiras dependerá de Dudu, Borja, Willian e Guerra.

Na partida de agosto, no Allianz Parque, o ataque do Palmeiras precisa decidir.

A regrinha mais polêmica do torneios mata-mata foi aplicada definitiva­mente pela Uefa em 1967/1968

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