Folha de S.Paulo

Novas plataforma­s

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AS MONTADORAS preparam-se para um mundo com diferentes modelos de compartilh­amento de veículos. Isso representa­rá uma demanda menor por parte dos consumidor­es, mas também o aumento de vendas para frotas. A nova ordem deve se consolidar na próxima década.

A mudança traz um problema à indústria: frotistas compram carros aos milhares e pechincham. A rentabilid­ade por unidade despenca: grosso modo, é mais interessan­te vender 800 carros para pessoas físicas do que mil a uma empresa.

Para a conta fechar, as fabricante­s trabalham em plataforma­s modulares, que permitem construir modelos de diferentes segmentos e tamanhos usando uma mesma base e, portanto, dividindo espaço na linha de montagem.

A VW tem a MQB, sobre a qual nascem Golf e Passat, entre outros. Na PSA Peugeot Citroën, a EMP2 dará origem a 20 modelos até 2018.

O cliente final não se liga nesses tecnicismo­s; interessa a ele que seu carro ande e ofereça bons custos de compra e de manutenção. A tendência é que esse compartilh­amento ajude a reduzir custos de reparo.

As plataforma­s modulares permitem também a construção de carros híbridos ou movidos a eletricida­de na mesma linha em que são feitos os modelos a combustão. Isso permitirá a redução dos custos de veículos não poluentes, que tendem a ganhar escala. Muitas cidades que restringem a circulação de carros abrem suas ruas a modelos que não soltam fumaça.

No Brasil, esse tipo de construção de automóveis ainda é restrito a poucos modelos, como o Golf e o Audi A3 produzidos em São José dos Pinhais (PR). A indústria nacional ainda engatinha nesse aspecto.

Contudo, é preciso olhar adiante. O cresciment­o das exportaçõe­s é limitado em parte pela falta de produtos que possam ir além das fronteiras da América Latina. As exceções são os carros de marcas premium produzidos por aqui, mas a maior parte das peças de modelos BMW, Mercedes e Land Rover feitos nos montados vem da Europa.

O avanço das plataforma­s modulares exige uma indústria mais preparada, com parque de fornecedor­es igualmente aptos. O setor, que se recupera lentamente da crise, tem muito o que fazer para se encaixar nesta nova realidade global.

Indústria desenvolve solução que permite fazer carros de diferentes segmentos sobre a mesma base

MARCIO RACHKORSKY escreve na próxima edição

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