Pausa na turbulência abriu janela para empresa captar no mercado
Com crédito escasso no BNDES, emissão de ações e dívida sobe 30%
DE SÃO PAULO
As empresas que buscaram dinheiro para financiar suas operações no primeiro semestre optaram por emitir ações ou dívida, em meio a um cenário de crédito cada vez mais escasso no BNDES.
Dados da Anbima (associação das entidades do mercado) mostram que as companhias captaram R$ 104,4 bilhões com investidores locais e estrangeiros até junho, aumento de 30,3% ante o mesmo período de 2016.
Na maior parte, o primeiro semestre foi marcado por um cenário de otimismo para os investidores com a aposta na aprovação de reformas pelo governo, o que começou a ruir em 17 de maio após as notícias da delação da JBS envolvendo Michel Temer.
Já o começo de 2016 foi cercado de turbulência com o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
No BNDES, que só disponibiliza dados até maio, os desembolsos somaram R$ 27,7 bilhões, queda de 13,2% em relação a igual intervalo de 2016. No mesmo período, as captações no mercado somaram R$ 87,9 bilhões.
“Houve uma mudança de atuação do BNDES como protagonista quase único do financiamento de longo prazo, e o objetivo é que os novos projetos de infraestrutura de longo prazo tenham participação do mercado de capitais”, afirma José Eduardo Laloni, diretor da Anbima.
As emissões de títulos de renda fixa no exterior, como bônus, foram a principal forma de financiamento das empresas no primeiro semestre, somando R$ 51,3 bilhões.
“A visão sobre o Brasil continua positiva. Foi criado um ambiente propício para que investidores internacionais continuassem com apetite pela renda fixa brasileira”, afirma o diretor da Anbima.
Segundo ele, a previsão é de normalidade no mercado. “As emissões continuam a sair. O mercado parece estar funcionando de forma normal.”