Novos gastos precisam de aval da Fazenda, afirma secretário
Segundo Mansueto, arrecadação é o grande problema para as contas do governo e IPO da Caixa Seguridades fica para o ano que vem
O secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Mansueto Almeida, desautorizou a possibilidade de gastos adicionais de ministérios sem que isso passe pela área econômica.
“Ideia de que uma MP [medida provisória] vai sair para liberar despesa não faz sentido”, disse. “Deve ter alguma folga dentro do limite financeiro que a Fazenda autorizou”, disse em conferência telefônica para clientes do banco Credit Suisse.
“Quem emite o cheque é a Fazenda”, afirmou.
Ele também disse ser um desafio entregar a meta de deficit primário de R$ 139 bilhões neste ano em razão dos reflexos da recessão sobre a arrecadação do governo.
Segundo ele, o governo deve excluir as receitas com a abertura de capital da Caixa Seguridade de suas contas porque a perspectiva é que a entrada da empresa na Bolsa fique para o ano que vem.
Daqui para a frente, disse, o foco será em despesa obrigatória (que precisam ser executadas pelo governo). Não há mais espaço para frustração de receita e não há mais como o governo cortar despesas não obrigatórias, complementou Mansueto.
A arrecadação, continuou ele, é o maior obstáculo para as contas do governo neste e no próximo ano. “É o grande calcanhar de Aquiles.”
Mansueto disse ainda que o deficit de junho será semelhante ao de maio (R$ 29,4 bilhões) em razão do cronograma adiantado de pagamentos de precatórios. E que receitas com leilões de hidrelétricas e de petróleo só virão no último trimestre de 2017.
Para 2018, disse Mansueto, novas privatizações e concessões que estavam fora da mesa devem entrar.
Questionado sobre o risco de o governo não cumprir o teto de gastos ou a meta de deficit primário de 2018, Mansueto disse que o governo vai gastar muito abaixo do teto neste ano, o que permite elevar a despesa em cerca de R$ 80 bilhões no ano que vem.
No mesmo evento, o secretário de Política Econômica, Fabio Kanczuk, disse que a reforma da Previdência pode não sair em 2018.
“Ainda não se jogou a toalha, mas há o risco”, afirmou o secretário. SURPRESOS Mansueto e Kanczuk falaram em uma conferência para clientes do Credit Suisse e se surpreenderam quando souberam por terceiros que a imprensa estava dando publicidade às conversas.
Ambos achavam que a conferência seria fechada à imprensa e se mostraram desconfortáveis com a situação.
Em meio a desculpas da equipe do Credit Suisse, que alegou não ter convidado jornalistas para o call, a conferência foi encerrada