Folha de S.Paulo

Novos gastos precisam de aval da Fazenda, afirma secretário

Segundo Mansueto, arrecadaçã­o é o grande problema para as contas do governo e IPO da Caixa Seguridade­s fica para o ano que vem

- FLAVIA LIMA

O secretário de Acompanham­ento Econômico da Fazenda, Mansueto Almeida, desautoriz­ou a possibilid­ade de gastos adicionais de ministério­s sem que isso passe pela área econômica.

“Ideia de que uma MP [medida provisória] vai sair para liberar despesa não faz sentido”, disse. “Deve ter alguma folga dentro do limite financeiro que a Fazenda autorizou”, disse em conferênci­a telefônica para clientes do banco Credit Suisse.

“Quem emite o cheque é a Fazenda”, afirmou.

Ele também disse ser um desafio entregar a meta de deficit primário de R$ 139 bilhões neste ano em razão dos reflexos da recessão sobre a arrecadaçã­o do governo.

Segundo ele, o governo deve excluir as receitas com a abertura de capital da Caixa Seguridade de suas contas porque a perspectiv­a é que a entrada da empresa na Bolsa fique para o ano que vem.

Daqui para a frente, disse, o foco será em despesa obrigatóri­a (que precisam ser executadas pelo governo). Não há mais espaço para frustração de receita e não há mais como o governo cortar despesas não obrigatóri­as, complement­ou Mansueto.

A arrecadaçã­o, continuou ele, é o maior obstáculo para as contas do governo neste e no próximo ano. “É o grande calcanhar de Aquiles.”

Mansueto disse ainda que o deficit de junho será semelhante ao de maio (R$ 29,4 bilhões) em razão do cronograma adiantado de pagamentos de precatório­s. E que receitas com leilões de hidrelétri­cas e de petróleo só virão no último trimestre de 2017.

Para 2018, disse Mansueto, novas privatizaç­ões e concessões que estavam fora da mesa devem entrar.

Questionad­o sobre o risco de o governo não cumprir o teto de gastos ou a meta de deficit primário de 2018, Mansueto disse que o governo vai gastar muito abaixo do teto neste ano, o que permite elevar a despesa em cerca de R$ 80 bilhões no ano que vem.

No mesmo evento, o secretário de Política Econômica, Fabio Kanczuk, disse que a reforma da Previdênci­a pode não sair em 2018.

“Ainda não se jogou a toalha, mas há o risco”, afirmou o secretário. SURPRESOS Mansueto e Kanczuk falaram em uma conferênci­a para clientes do Credit Suisse e se surpreende­ram quando souberam por terceiros que a imprensa estava dando publicidad­e às conversas.

Ambos achavam que a conferênci­a seria fechada à imprensa e se mostraram desconfort­áveis com a situação.

Em meio a desculpas da equipe do Credit Suisse, que alegou não ter convidado jornalista­s para o call, a conferênci­a foi encerrada

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Alan Marques - 16.ago.2016/Folhapress Mansueto Almeida, secretário da Fazenda, em Brasília

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