Folha de S.Paulo

Museu de grandes novidades

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RIO DE JANEIRO - Se você fosse citar os temas de exposições recentes do Museu Histórico Nacional, em quais pensaria? Imagino que dificilmen­te diria Nirvana (a banda americana), Lego (o brinquedo dinamarquê­s) e Frida Kahlo (a pintora mexicana).

Um dos museus mais antigos do país (fundado em 1922), no centro histórico do Rio, o MHN vem abrindo espaço para as chamadas “exposições-entretenim­ento” internacio­nais, especialme­nte nos períodos de férias escolares. No fim do ano, sediará uma sobre videogames, vinda do Barbican, de Londres.

“Em geral se pensa no museu histórico como um museu do passado. Estamos tentando afirmá-lo como um museu do presente”, diz Paulo Knauss, diretor da instituiçã­o. “Temos buscado exposições diferentes das que temos no Rio e mais associadas ao mundo contemporâ­neo.”

Essa visão curatorial mais abrangente não é imune a críticas, assim como o aluguel do espaço para festas. Dono do maior acervo dentre as entidades federais, com quase 300 mil objetos —os mais conhecidos são os tronos e as carruagens do Império—, o museu se arrisca a desviar o foco de sua coleção com essa “CCBBtizaçã­o”.

Mas, num cenário como o do Rio —que tem mais de uma centena de museus, a maioria com visitação insignific­ante—, o apelo a atrações pop tem o indiscutív­el mérito de atrair público. O MHN teve 126.370 visitantes em 2016, cerca de 35% a mais do que no ano anterior.

Além disso, o diretor diz que procura criar conexões a partir das mostras estrangeir­as. “Essas exposições têm sido combinadas com ações voltadas para o conteúdo que o museu já tinha e que não era valorizado”, diz Knauss, citando como exemplo um violão de Cazuza que passou a fazer parte da exibição permanente do museu, valendo-se do gancho do Nirvana, atualmente em cartaz. marco.canonico@grupofolha.com.br MATIAS SPEKTOR

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