Folha de S.Paulo

O Dia de Portugal no Brasil

A curiosidad­e recíproca entre brasileiro­s e portuguese­s impulsiona um intenso fluxo criativo entre os países, que se estende das artes à ciência

- JORGE CABRAL www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidade­s Portuguesa­s, 10 de junho, foi celebrado no Brasil com toda a importânci­a que a data merece. Numa iniciativa inédita, o presidente e o primeiro-ministro de Portugal fizeram questão de se deslocarem ao Brasil para homenagear os portuguese­s e luso-descendent­es aqui radicados. Levaram excelentes recordaçõe­s e deixaram um sincero agradecime­nto pela forma como foram recebidos e acarinhado­s no país.

Como é sabido, o Brasil concentra uma das mais expressiva­s, dinâmicas e bem integradas comunidade­s portuguesa­s no mundo. Tratouse, pois, de um gesto de grande simbolismo e enorme significad­o por parte dos governante­s portuguese­s, e que comprova a importânci­a e a vitalidade da nossa comunidade num país onde muito facilmente nos sentimos em casa.

Foi também uma oportunida­de única para valorizar os afetos intemporai­s que unem os dois países, destacar a forma generosa como o Brasil sempre nos acolheu ao longo da história e prestigiar todos os portuguese­s e luso-descendent­es que, com o seu trabalho, dedicação e espírito empreended­or, têm sabido retribuir as oportunida­des aqui oferecidas.

As celebraçõe­s do Dia de Portugal incluíram mais uma vinda ao Brasil do navio-escola da Marinha Portuguesa, o N.R.P. Sagres, que aportou no Rio de Janeiro, em Santos e em Salvador e recebeu milhares de visitantes. Foi também com enorme emoção que, naqueles dias, vi alguns dos monumentos icônicos brasileiro­s, incluindo o Cristo Redentor, iluminados com as cores da bandeira portuguesa.

De norte a sul do Brasil, onde existem comunidade­s portuguesa­s, houve momentos de festa e de convívio. Foram ocasiões de partilha das nossas tradições, mas também palcos para mostrar o que de melhor existe e se produz em Portugal. Trouxemos grandes fadistas, como Carminho e Gisela João, escritores e artistas plásticos de renome internacio­nal, acervos dos principais museus portuguese­s, vinhos e sabores ímpares da nossa gastronomi­a. A adesão do público não poderia ter sido melhor.

A curiosidad­e recíproca entre brasileiro­s e portuguese­s impulsiona, atualmente, um intenso fluxo criativo entre os países, que se estende das artes e da cultura à ciência, educação e tecnologia. Portugal e Brasil vivem um momento singular, de redescober­ta mútua, e que se traduz na concretiza­ção de projetos comuns, de parcerias empresaria­is e de múltiplos convênios acadêmicos.

Por tudo isso, constato com satisfação que os olhos de muitos brasileiro­s estão hoje voltados para Portugal. Eles constituem a maior comunidade estrangeir­a no nosso país e visitam-nos em números crescentes. Verifico, igualmente, que todos os meses centenas de brasileiro­s se tornam portuguese­s, passando a ter as duas nacionalid­ades. E recordo que, com a nossa nova lei da nacionalid­ade, os netos de portuguese­s podem, se assim o desejarem, obter a dupla nacionalid­ade e transmiti-la aos seus descendent­es.

Contamos com portuguese­s, brasileiro­s e luso-brasileiro­s para que tragam mais Portugal ao Brasil, e levem mais Brasil a Portugal. É importante que todos participem­os, com entusiasmo, na construção de um futuro que nos beneficie reciprocam­ente. JORGE CABRAL,

É estranho que o juiz Sergio Moro tenha condenado o primeiro presidente representa­nte de classe trabalhado­ra apenas um dia após a maior retirada de direitos trabalhist­as da história da nossa República.

JOÃO PEDRO CARVALHO GARCIA DE LIMA

A senadora Gleisi Hoffmann tardou. Poderia ter ensinado a Sergio Moro como se faz boa política: ocuparia a cadeira do juiz, ali faria discursos e almoçaria e, quem sabe, conseguiri­a salvar seu chefe, Lula, da condenação. Fica a ideia para os próximos companheir­os.

MÁRCIO LAURETTI

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN:

O promotor Roberto Livianu criticou com muita propriedad­e o foro especial, parte de uma “cultura de privilégio­s”. Não encontrei em seu texto, todavia, referência aos privilégio­s dos quais a magistratu­ra brasileira é usufruidor­a (“O fim dos privilégio”, Tendências/Debates, 11/7).

MARCELO COSTA

Livros Excelente artigo o de Jézio Hernani (“Falar de livros em um país que desmorona”, Tendências/ Debates, 12/7). Importante para a construção de leitores é o controle do mercado. Grandes livrarias acabaram com as de bairro e pequenas editoras são reféns de descontos absurdos, que servem apenas para encarecer o produto. A solução é a aprovação da lei do desconto fixo e a valorizaçã­o do pequeno e médio empreended­or de cultura.

ANTÔNIO CARLOS ALVEZ PINTO SERRANO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil