Folha de S.Paulo

Governo teme cerco contra classe política

-

DE BRASÍLIA

A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71, foi avaliada com precaução pela equipe do presidente Michel Temer.

O diagnóstic­o é que a sentença não deve causar impactos na votação da denúncia por corrupção passiva contra Michel Temer, mas tem o potencial de acirrar o cerco sobre a classe política em geral, incluindo o Planalto.

A avaliação é que os parlamenta­res com afinidade com o petista já votariam contra o peemedebis­ta, não havendo espaço para retaliaçõe­s em relação à acusação da PGR (Procurador­ia-Geral da República).

Nas palavras de um auxiliar presidenci­al, no entanto, a condenação é um “ataque forte à classe política”, que reforça o sentimento de rejeição ao quadro atual. Para ele, com o processo jurídico contra o petista caminhando para o fim, as atenções do Poder Judiciário “devem se voltar contra o atual governo”.

Caso 342 dos 513 deputados federais votarem pelo prosseguim­ento da denúncia, ela será enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), que poderá absolver ou condenar o presidente. Se for mantida a decisão em primeira instância contra o petista, e ele se tornar inelegível para a sucessão presidenci­al de 2018, a avaliação do Palácio do Planalto é de que o cenário eleitoral irá se fragmentar ainda mais.

Sem o principal nome da esquerda, a aposta é de que alternativ­as ao centro, mas com bandeiras progressis­tas, devem se fortalecer, como Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT). Para um ministro, os votos também podem migrar para nomes que se identifica­m como fora da política tradiciona­l, como João Dória (PSDB) e Joaquim Barbosa (sem partido).

(GUSTAVO URIBE)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil