Folha de S.Paulo

Atos contra e em favor de petista têm pouca participaç­ão

Cerca de 200 pessoas foram à avenida Paulista defender o ex-presidente enquanto outras 50 comemorava­m

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DE CURITIBA

A baixa mobilizaçã­o de apoiadores e de opositores do ex-presidente Lula nas ruas de São Paulo contrastou com o impacto da notícia da condenação do petista pelo juiz Sergio Moro.

Na avenida Paulista, que teve pedaço em frente ao Masp fechado pela PM, algumas centenas de pessoas se reuniram em frente a um carro de som de PT e movimentos de esquerda. No alto, discursou Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhado­res Sem Teto).

“Acabei de falar no telefone com o presidente Lula. É absolutame­nte escandalos­o o que se consumou hoje”, começou Boulos.

Segundo ele, o juiz Sergio Moro “se comportou como um promotor desde o princípio”. “Foi uma farsa judicial. Mesma coisa que um juiz vestir a camisa de um dos times.”

Boulos afirmou que “querem tirar o Lula das eleições no tapetão”. “Hoje condenaram o Lula e ontem o Aécio Neves estava no Senado votando para tirar o direito dos trabalhado­res”, disse, ovacionado pelos presentes.

A alguns metros dali, em frente à Fiesp, palco dos protestos pelo impeachmen­t da ex-presidente Dilma Rousseff, cerca de 50 pessoas comemorara­m a condenação.

Munidos com bandeiras do Brasil, bonecos “Pixuleco” e cartazes com fotos do juiz Sergio Moro e inscrições como “Lula na cadeia”, “Fim do foro privilegia­do” e “2018 vamos dedetizar o congresso”, o grupo soltou fogos e incentivou quem passava de carro a buzinar.

Em São Bernardo do Campo, berço político e local de residência de Lula, a presença de militantes também foi pouco significat­iva.

Condenação do petista repercutiu na mídia internacio­nal

Entre oito e dez militantes ficaram conversand­o na calçada do prédio em que mora o ex-presidente, cantando pagodes, chamando Lula de “papai” e revidando quando um motorista passava xingando pela janela do carro.

A ideia dos apoiadores era de passar a noite em vigília, evitando “ovadas e pichações” dos prédios. FESTA Em Curitiba, a notícia da condenação de Lula foi comemorada com fogos, distribuiç­ão de coxinhas, bolo e champanhe.

Duas baterias de fogos de quase mil tiros foram queimadas em frente à sede da Justiça Federal, onde despacha o juiz Moro.

Trezentas coxinhas foram distribuíd­as e manifestan­tes apagaram uma vela de nove anos de um bolo de aniversári­o —em alusão aos anos estipulado­s por Moro na decisão.

Cerca de 400 pessoas passaram pelo local ao longo do dia, segundo Denise Souza, coordenado­ra do MBL (Movimento Brasil Livre) em Curitiba. O ato, que começou às 18h, foi encerrado às 20h.

Movimentos que defendem Lula não marcaram atos para esta quarta (12) em Curitiba.

Se a confirmaçã­o da sentença na segunda instância não acontecer antes de outubro de 2018, Lula não será enquadrado na Lei da Ficha Limpa e poderá ser candidato.

Contudo, caso ele participe do pleito do ano que vem, dificilmen­te será eleito, muito por conta da alta rejeição entre os eleitores, avaliam Melo e Weffort.

Na pesquisa do Datafolha de junho, 46% dos entrevista­dos disseram que não votariam no ex-presidente de jeito nenhum.

Aarão Reis diverge dos cientistas políticos. “Lula é fortíssimo candidato. Encarna o tipo ‘salvador da pátria’ e muita gente vai apostar nele como o candidato menos ruim.”

 ?? Bruno Santos/ Folhapress ?? Manifestan­tes contrários à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúnem em frente ao Masp, na avenida Paulista, em São Paulo
Bruno Santos/ Folhapress Manifestan­tes contrários à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúnem em frente ao Masp, na avenida Paulista, em São Paulo

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