Folha de S.Paulo

GOVERNO ENCURRALAD­O Ex-ministro de Temer, Geddel poderá cumprir prisão domiciliar

Aliado de presidente, suspeito de tentar obstruir investigaç­ões foi autorizado a deixar penitenciá­ria

- BELA MEGALE LETÍCIA CASADO

Ele terá de utilizar tornozelei­ra; juiz diz não ver problema em contato de Geddel com mulher de corretor

O ex-ministro Geddel Vieira Lima recebeu autorizaçã­o nesta quarta-feira (12) para sair da penitenciá­ria da Papuda, em Brasília, e cumprir prisão domiciliar.

A decisão é do desembarga­dor Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). Até a 0h desta quinta (13) ele não havia deixado a prisão.

Segundo o magistrado, é normal que Geddel tenha procurado Raquel Pitta, mulher do o corretor de valores Lucio Funaro, para saber de informaçõe­s sobre o marido, que está preso.

As ligações feitas pelo exministro a Pitta embasaram o pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal, que entendeu que o peemedebis­ta tinha interesse em evitar que Funaro fizesse acordo de delação premiada.

Funaro prestou depoimento em um dos inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga o presidente Michel Temer e entregou registros de ligações telefônica­s feitas em maio por Geddel a Pitta. O corretor disse em depoimento que “estranhou” as ligações, pois Geddel “sondou” qual era a disposição dele, Funaro, de fazer uma delação premiada.

Para o desembarga­dor, “o que se discute” é se Geddel, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Lucio Funaro, ambos presos.

Na decisão que permitiu a prisão domiciliar, Bello destaca que os crimes pelos quais Geddel foi acusado teriam sido cometidos entre 2011 e 2015, e não recentemen­te.

“Ou seja, não se trata de conjunto fático contemporâ­neo, mas de fatos ocorridos ao tempo em que Fábio Cleto compunha a direção da Caixa Econômica e Geddel Vieira Lima atuava no governo federal”, escreveu.

Ele discorda ainda de outro fundamento para a prisão de Geddel: ofensa à ordem pública e ao processo penal, como, por exemplo, sumir com provas contra ele.

Como Geddel não exerce mais cargo público, diz o magistrado, esse risco já foi mitigado.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil