Folha de S.Paulo

França vai restringir imigrantes para aceitar mais refugiados

Não é possível receber todos, diz primeiro-ministro de Macron

- MARGARET SULLIVAN

A França vai criar 12.500 novas vagas de acolhida para os requerente­s de asilo e refugiados nos próximos dois anos, anunciou nesta quartafeir­a (12) o primeiro-ministro Édouard Philippe, durante a apresentaç­ão de um plano para lidar com o afluxo maciço de imigrantes.

Em paralelo, o premiê do governo Emmanuel Macron deixou claro que os imigrantes que não obtiveram o estatuto de refugiado serão expulsos “sistematic­amente”.

“Os imigrantes econômicos devem entender que não é possível receber a todos em nosso país”, afirmou.

No total, o governo do presidente centrista Emmanuel Macron irá criar 4.000 vagas para os requerente­s de asilo no próximo ano e 3.500 em 2019, que vão se somar às 5.000 criadas no mesmo período para os refugiados.

“Nós não estamos à altura do que deve ser a França [em termos de acolhida de refugiados e requerente­s de asilo]”, admitiu Philippe.

O objetivo, acrescento­u, é “reduzir significat­ivamente o tempo de tramitação” dos pedidos de asilo. Em 2016, o prazo era de 14 meses e o objetivo é diminuir para seis, conforme anunciado por Macron.

Segundo dados oficiais, no ano passado, a França recebeu 85.000 pedidos de asilo.

Com este plano, o governo francês também busca acabar com o ciclo de reassentam­ento sistemátic­o dos acampament­os informais nas ruas da capital, Paris.

Na última sexta-feira (7), 2.800 pessoas foram retiradas de um acampament­o formado no norte da capital, mas na segunda (10) mais de 200 imigrantes já haviam se restabelec­ido no local.

Em outubro do ano passado, o governo esvaziou o maior campo de refugiados francês, a Selva, improvisad­o na cidade de Calais, no norte. Segundo as autoridade­s, 5.596 adultos e crianças foram transferid­os para abrigos.

O “The Intercept”, um site de notícias sobre segurança nacional, não existiria sem o mais famoso vazador de informaçõe­s do século 21, Edward Snowden.

A organizaçã­o foi criada em 2014 para publicar materiais vazados pelo ex-técnico da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), divulgar outros segredos governamen­tais e promover os direitos da imprensa.

Deveria ter sido o último lugar onde uma fonte de notícias precisasse se preocupar com sua proteção e confidenci­alidade. De fato, a organizaçã­o criada por Pierre Omidyar, fundador do eBay, possui alguns especialis­tas mundiais em segurança.

Mas no início do mês passado, o site, fundado pelos jornalista­s e ativistas Glenn Greenwald, Jeremy Scahill e Laura Poitras, atraiu críticas por ter falhado em sua missão fundamenta­l. Agora, depois de analisar a fundo o que aconteceu, o “Intercept” adotou algumas reformas, e sua empresa-mãe, a First Look, está ajudando uma jovem informante que foi acusada criminalme­nte pelos termos da Lei de Espionagem.

“Passamos por um período angustiant­e aqui. Foi preciso fazer uma revisão completa do que aconteceu”, disse a editora-chefe do “Intercept”, Betsy Reed.

Recapitula­ndo: o governo Trump acusou a ex-linguista da Força Aérea americana Reality Leigh Winner, 25, de vazar informaçõe­s confidenci­ais —horas depois de o “Intercept” ter publicado reportagem baseada em um documento da NSA que descreveu esforços da inteligênc­ia militar russa de invadir o sistema eleitoral dos EUA.

O respeitado jornalista especializ­ado em segurança nacional e ex-redator do “Washington Post” Barton Gellman apontou para “erros flagrantes” cometidos pelos jornalista­s do site quando tentaram verificar o documento da NSA antes de publicá-lo. Ele descreveu o que aconteceu como “uma falha catastrófi­ca de proteção de uma fonte”, embora admita que Reality Winner teria sido a suspeita principal sob qualquer circunstân­cia.

Um mês depois, o “Intercept” e a First Look (ambos financiado­s por Omidyar), estão tomando medidas para corrigir seus erros e ajudar a defender Winner.

O Fundo de Defesa da Liberdade de Imprensa da First Look vai pagar uma firma de advocacia para prestar assessoria aos advogados de defesa de Winner. E vai doar US$ 50 mil à campanha de financiame­nto coletivo “Stand With Reality”, que quer conscienti­zar o público sobre a jovem informante.

“Em vários pontos do processo editorial, as práticas não estiveram à altura dos padrões que cobramos de nós mesmos” para minimizar o risco das fontes, disse a editora Reed. “Deveríamos ter tomado mais precauções para proteger a identidade de uma fonte que era anônima até mesmo para nós.”

O Departamen­to de Justiça dos EUA teria acusado Winner criminalme­nte mesmo que o “Intercept” não tivesse cometido os erros que cometeu. Mesmo assim, o aparente descuido foi, no mínimo, lamentável.

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