Folha de S.Paulo

Chinesa e “não interferir nos assuntos internos da China sob pretexto de um caso individual”.

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Vítima de um câncer de fígado em fase terminal, o dissidente chinês Liu Xiaobo, 61, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2010, sofreu uma infecção hepática que se espalhou pelo resto do corpo. Nesta quarta, os médicos disseram que ele teve falência múltipla dos órgãos.

A família de Liu rejeitou que ele seja submetido a tratamento com respiração artificial, anunciou nesta quarta (12) o hospital onde o dissidente está internado, em Shenyang, no nordeste da China.

Segundo o Hospital Universitá­rio de Shenyang, a equipe que cuidava de Liu “explicou à família a necessidad­e de realizar uma intubação traqueal” para submetê-lo à respiração artificial, mas os parentes rejeitaram.

Outro ativista contrário ao regime chinês, Ye Du disse, no entanto, que não conseguiu contato com a família de Liu. Em sua avaliação, é possível que o colega “não sobreviva às próximas 24 horas”.

Não se sabia se o dissidente ainda estava vivo até a conclusão desta edição. Na terça, a Alemanha pediu à China que permita a saída do opositor para tratamento.

“A situação de Liu e de sua família só pode ser descrita como dramática, razão pela qual o governo alemão pede aos líderes chineses que priorizem o aspecto humanitári­o deste caso e autorizem sem demora sua partida”, disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

Os EUA também se ofereceram a receber o dissidente. A China, porém, se recusa a permitir a saída, sob a justificat­iva de que o grave estado de saúde do opositor impediria a viagem ao exterior.

Nesta quarta, o porta-voz da Chancelari­a chinesa, Geng Shuang, pediu que os outros países devem respeitar a soberania DIREITOS HUMANOS Caso ele morra na China, Liu Xiaobo se tornaria o primeiro ganhador do Prêmio Nobel da Paz a morrer preso desde Carl von Ossietzky, que perdeu a vida em 1938 em um hospital quando estava sob custódia dos nazistas.

Antes do boletim médico desta quarta, grupos de defesa dos direitos humanos acusaram as autoridade­s de manipulare­m as informaçõe­s.

“Como as autoridade­s controlam todas as informaçõe­s relativas ao estado de saúde de Liu Xiaobo, é difícil verificar a veracidade dos comunicado­s publicados pelo hospital na Internet”, disse diretor da Anistia Internacio­nal na China, Patrick Poon.

“Não sabemos em que medida são boletins médicos profission­ais, ou informaçõe­s manipulada­s com fins políticos”, declarou Maya Wang, da Human Rights Watch.

Em vídeo no início da semana, Liu aparece muito magro, cercado por médicos ocidentais que conversam com sua esposa e colegas chineses. Os ativistas considerar­am a gravação uma propaganda do regime chinês.

A Justiça do Peru voltou a rejeitar nesta quarta (12) a libertação do ex-líder autocrata Alberto Fujimori, 78, por razões humanitári­as e de saúde. Ele, que governou o país entre 1990 e 2000, cumpre desde 2009 pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes de lesa humanidade.

Autores da ação, os filhos de Fujimori, a ex-presidenci­ável Keiko Fujimori e o deputado Kenji Fujimori, pediram a soltura do pai, que sofre de um câncer na garganta.

Durante a acirrada campanha presidenci­al de 2016, em que Pedro Pablo Kuczynski venceu Keiko por uma diferença de quase 50 mil votos, o indulto a Fujimori foi um tema de debate.

Por conta do apoio que recebeu da esquerda e dos antifujimo­ristas para vencer Keiko, PPK havia prometido que deixaria o assunto nas mãos da Justiça e não indultaria o líder autocrata.

Porém, na semana passada, o presidente sugeriu ter mudado de posição, dizendo que havia chegado o momento de “avaliar um possível perdão”. “Creio que chegou o momento de voltarmos a analisar isso”, disse.

PPK vive atualmente sob intensa pressão do Congresso peruano, de maioria fujimorist­a (73 parlamenta­res, contra 18 governista­s). Além da dificuldad­e em aprovar

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Steven Saphore/Reuters Tibetana na Austrália acende vela em vigília em homenagem ao Nobel da Paz Liu Xiaobo

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