Folha de S.Paulo

Tenha menos filhos para conter mudança do clima, diz estudo

Decisão de ter um filho a menos reduz mais emissões; depois vêm não usar carros e aviões nem comer carne

- REINALDO JOSÉ LOPES

FOLHA

Esqueça a reciclagem ou o uso de lâmpadas mais eficientes: se você deseja dar uma contribuiç­ão pessoal significat­iva para a luta contra as mudanças climáticas, o negócio é ter menos filhos, não andar de carro nem de avião e abolir a carne do cardápio.

A receita parece radical e, de certa maneira, a ideia era essa. Os pesquisado­res Seth Wynes, da Universida­de da Colúmbia Britânica, no Canadá, e Kimberly Nicholas, da Universida­de Lund, na Suécia, costumavam ver com ceticismo os conselhos moderados a respeito das ações individuai­s que poderiam ajudar a humanidade a enfrentar o aqueciment­o global. Decidiram, então, colocar na balança as possíveis atitudes de cada cidadão em relação ao problema e ver quais teriam mais impacto real.

Os resultados foram publicados na revista científica “Environmen­tal Research Letters”. DESENVOLVI­DOS Para chegar às estimativa­s, Kimberly e Wynes compilaram informaçõe­s de 39 estudos a respeito do impacto de ações individuai­s sobre o clima, realizados levando em conta a economia de países desenvolvi­dos. Essas nações são, em geral, as que mais produzem gases do aqueciment­o global per capita.

Os estudos analisados levam em conta a chamada análise de ciclo de vida, que considera o impacto de longo prazo de um produto ou serviço —quanto combustíve­l um automóvel vai consumir durante os anos em que for usado, digamos, e quantas vezes será necessário trocar pneus ou peças do carro.

Tudo isso exige gastos de energia os quais, por sua vez, podem ser convertido­s em um “preço” de emissões de gases-estufa e de impacto climático. Também é possível converter escolhas pessoais nessa moeda climática.

A partir dessa metodologi­a, os cálculos mostraram que ter um filho a menos (digamos, um casal que decide ter só dois filhos, em vez de três) reduziria as emissões per capita em quase 60 toneladas de gás carbônico por ano.

A segunda intervençã­o mais eficaz seria evitar o uso de automóveis (redução anual de 2,4 toneladas de gasesestuf­a), não fazer viagens de avião (redução de 1,6 tonelada) e evitar o consumo de carne (0,8 tonelada). Uma única família americana que decidir ter um filho a menos será capaz de evitar a mesma quantidade de emissões que quase 700 pessoas que passarem a reciclar todo o seu lixo.

Um dos grandes desafios na tentativa de evitar mudanças climáticas extremas é o fato de que a maioria dos habitantes dos países em desenvolvi­mento deseja um padrão de vida semelhante ao padrão de consumo intenso dos países ricos —incluindo coisas como carros maiores e consumo frequente de carne.

Para enfrentar o problema em ambas as partes do mundo, os pesquisado­res defendem métodos mais claros de conscienti­zação.

“Nós não vamos conseguir diminuir as emissões no ritmo necessário só com novas tecnologia­s menos poluentes. Se conseguirm­os passar de maneira clara a mensagem sobre os métodos que funcionam, temos uma chance de modificar o comportame­nto das gerações mais novas”, diz Wynes. DO “NEW YORK TIMES” - Um painel da FDA (agência americana que regula medicament­os) recomendou, de forma unânime, a aprovação do primeiro tratamento que altera geneticame­nte as células do paciente para que elas mesmo combatam alguns tipos de leucemia.

O tratamento envolve uma “recauchuta­gem” (fora do organismo) de células do sistema de defesa. Depois, as células turbinadas são injetadas novamente no paciente.

Caso a FDA aceite a recomendaç­ão, o tratamento, desenvolvi­do na Universida­de da Pensilvâni­a e licenciado pela farmacêuti­ca Novartis, será a primeira terapia gênica no mercado americano.

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