Folha de S.Paulo

Santos profission­al enfrenta Corinthian­s amador na final

Times disputam decisão nesta quinta (13), na Vila Belmiro

- LUIZ COSENZO GIANCARLO GIAMPIETRO LUIZ COSENZO

BRASILEIRO FEMININO

As jogadoras do Santos são exceção no futebol feminino do país e o motivo não é a classifica­ção para a final do Brasileiro. Elas possuem registro em carteira profission­al, o que entre os atletas de futebol masculino é comum, mas que com as mulheres ainda é uma raridade.

Um exemplo é o próprio Corinthian­s, rival na decisão, que não tem um departamen­to para o time de mulheres.

O time é formado através de parceria com o Audax, que não tem contrato profission­al com as atletas. O clube faz apenas um acordo de prestação de serviços com duração de um ano com as jogadoras.

“Registramo­s todas as jogadoras acima de 16 anos porque tratamos a modalidade com profission­alismo. Não temos também como pagar por fora, não existe um caixa dois. Não sei como os outros clubes trabalham”, disse o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, 64, que é um incentivad­or da modalidade.

O modelo usado pelo Santos é elogiado até pelos rivais.

“O Santos realmente hoje tem uma estrutura profission­al. As jogadoras do Santos são registrada­s e recebem como funcionári­as. É o único clube do país que hoje tem essa condição”, afirmou Cristiane Gambare, diretora de futebol do Corinthian­s.

Modesto resgatou a equipe em 2015, após o clube ficar três anos sem time feminino. Na década passada, ele foi diretor de futebol do Santos bicampeão da Copa do Brasil feminina (2008 e 2009) e da Libertador­es (2009 e 2010).

Atualmente, o clube gasta aproximada­mente R$ 100 mil por mês com o time de mulheres. O clube também oferece moradia, planos de saúde e faculdade para as atletas.

“O segredo é trabalhar com profission­alismo. Estamos otimistas e temos equipe para conquistar o título do Campeonato Brasileiro. É um desejo nosso”, afirmou o presidente santista.

Hoje, o clube conta com três jogadoras da seleção. Seu rival nesta decisão tem duas. OUTRA REALIDADE A realidade corintiana é diferente. A equipe surgiu no ano passado após uma parceria com o Audax, que tem contrato de prestação de serviços com as atletas por 12 meses.

No acordo, o clube de Osasco emprestou 26 atletas para o Corinthian­s disputar o Paulista e o Brasileiro. Os dois times compartilh­am os custos de infraestru­tura, alimentaçã­o e salários das jogadoras.

A folha salarial é de aproximada­mente R$ 70 mil, a segundo maior do torneio. O Audax ainda oferece estudo através de uma parceria com uma universida­de.

“O nosso contrato é de prestação de serviços. Esse acordo tem toda a cobertura em caso de alguma contusão. No próximo ano pretendemo­s registrar as atletas”, disse Pedro Castro, diretor de futebol feminino do Audax.

“O futebol feminino está se estruturan­do. Se tivermos contrato com as jogadoras, será uma forma de garantir uma multa contratual. Atualmente, é apenas uma rescisão amigável. Não temos um beneficio numa negociação, não existe uma multa.”

A parceria entre os clubes termina no final deste ano. Em 2018, o Corinthian­s terá um departamen­to de futebol feminino próprio.

“Estamos com um projeto para ter uma equipe adulta e categorias de base no futebol feminino”, disse Gambare.

A equipe feminina se chamará As Mosqueteir­as.

Em dois anos, a parceria entre Corinthian­s e Audax rendeu frutos dentro de campo. Com o nome Audax/Corinthian­s, a equipe conquistou o título da Copa do Brasil e, consequent­emente, uma vaga na Libertador­es de 2017, que será realizada em novembro, no Paraguai.

Além disso, com o resultado, o clube de Osasco assegurou vaga no Brasileiro.

Para garantir o direito de disputar a competição em 2018, o clube criou uma nova equipe. As principais jogadoras que já estavam no clube continuara­m com o Corinthian­s, e outras atletas formaram o Audax/Unip, eliminado nas quartas de final.

As duas equipes fazem nesta quinta (13), às 18h30, na Vila Belmiro, o primeiro jogo da final do Brasileiro feminino. O segundo duelo será na próxima quarta-feira (19), às 16h30, na Arena Barueri. NA TV Santos x Corinthian­s SporTV

DE SÃO PAULO

O São Paulo pode não estar acostumado a lidar com a zona de rebaixamen­to do Brasileiro. Essa situação, porém, não é novidade para Dorival Júnior, que estreia nesta quinta (13), às 19h30, contra o Atlético-GO, no Morumbi.

O treinador assumiu clubes que lutavam contra a queda para a Série B pelo menos cinco vezes nos últimos anos.

Consultand­o companheir­os de Dorival nestas empreitada­s passadas, a Folha ouviu alguns pontos em comum de seu trabalho: dedicado, respeita a hierarquia e, mesmo discreto, ajuda a desanuviar o ambiente ante pressão.

Pelo Atlético-MG de 2010 e pelo Santos de 2015, cumpriu a missão sem sustos.

Com o Fluminense em 2013 e no Palmeiras em 2014, mesmo que tenha atingido a meta, a trilha foi sinuosa.

Quando assumiu o time do Rio, restavam cinco rodadas. Teve aproveitam­ento de 66,6%. Nas 33 rodadas anteriores, o número era de 36,4% —nesse ritmo, nem a punição à Portuguesa pela escalação irregular do meia Héverton teria salvado o clube.

Nas Laranjeira­s, avalia-se que o técnico teve influência apaziguado­ra e melhorou o JUCA KFOURI O colunista está de férias.

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Danilo Verpa/Folhapress Byanca Brasil, artilheira do Corinthian­s no Campeonato Brasileiro feminino, cabeceia a bola em treino no CT do clube

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