Folha de S.Paulo

Definição]. E o novo satélite dá mais espaço, é como se você tivesse uma sala mais ampla.

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Ainda ecoa a frase de Luiz Eduardo Baptista, da operadora Sky, sobre a Netflix, há três anos: “Se começarem a incomodar, podemos comprar esses caras”. Ele diz que era brincadeir­a, mas ela se tornou prova da recusa da internet pelo setor de TV paga.

Não mais, informa Baptista. A Sky lança em 2018 um serviço só pela internet, não de filmes e séries como a Netflix, mas de canais. Uma TV paga em streaming, formato que vive “boom” nos EUA, com novos serviços da DirecTV, controlado­ra da Sky, e até do Google (YouTube TV).

O executivo enfrenta questões mais imediatas, como a ausência de Record e SBT da grade da Sky, em confronto iniciado por elas “que acabou sendo ruim para todo mundo”. Baptista diz que o acordo está próximo, agora que elas se mostram “flexíveis”.

Em entrevista, fala ainda da estreia de novos canais, possibilit­ados pelo investimen­to em infraestru­tura. Folha - Nos EUA, foi lançada uma série de serviços de TV paga pela internet: DirecTV Now, YouTube TV, Playstatio­n Vue. Já está no radar, aqui?

Luiz Eduardo Baptista - O DirecTV Now vai vir no ano que vem para o Brasil. O nosso processo é de lançar lá, ver quais são os “bugs”, os problemas. Na hora em que a qualidade do serviço se normalizar, vai chegar ao Brasil. Será um produto que você não vai precisar de equipament­o, como hoje. São serviços diferentes, ainda que possa haver coincidênc­ia do conteúdo.

DirecTV Now significa entregar o conteúdo linear [canais] por meio de streaming. O desafio no Brasil é que a qualidade da banda larga é uma em São Paulo e Rio e não é a mesma no resto do país. Será mais desafiador que nos EUA, que tem infraestru­tura. A Sky investiu R$ 1,3 bi em novo satélite e centro de transmissã­o. Quando foi tomada a decisão o país estava melhor?

Se a gente não tivesse decidido em 2013, estaria em maus lençóis hoje, independen­temente de como o Brasil esteja. A empresa está aqui há quase 21 anos e pretende ficar outros tantos. Para o futuro, honestamen­te, não sei se a gente vai ter outro satélite, porque mudou tanta coisa, não tinha Google, Facebook, iPhone. Mas ele, combinado com o centro, permite acabar até o fim do ano com o hiato entre o sinal SD [definição padrão] e o HD [alta Serão quantos canais novos?

Cinquenta até o fim do ano, canais que as pesquisas apontaram que a gente deveria ter. Por exemplo, Dog TV. A gente não se toca, mas o Brasil é o segundo mercado em produtos “pet”. Claro que é nicho, como é na TV por assinatura. Outro é o Vice, com conteúdo para “millennial­s”, com o qual a Globo também fez um acordo, para se modernizar.

Em que pesem todas as dificuldad­es que a gente tem no país, a vida vai continuar. A gente acredita no filme do Brasil, não está tomando decisão baseado na foto do Brasil. Quanto aos canais do Simba, Record, SBT e RedeTV!, houve avanço nas negociaçõe­s?

Houve. Primeiro se declarou guerra para depois vir conversar. A tendência é de aproximaçã­o. A gente está otimista de que possa chegar a um acordo. O novo interlocut­or, determinad­o por eles, é egresso de TV por assinatura. Entende que existe imposição legal para poder cobrar do cliente. Que temos limitações, que não é simplesmen­te a vontade de pagar ou não. Se você perguntass­e dois meses atrás se isso chegaria a bom termo, eu diria que seria impossível. Como foi o impacto?

O primeiro estresse foi: “Onde é que está meu canal?”. Era natural que as pessoas ligassem para perguntar. O que houve, nos primeiros dias, foi um volume três vezes maior de chamadas para saber onde estavam esses canais.

Passados os dias, o cara tem que tomar decisão: “Continuo ou cancelo a assinatura?”. No caso da Sky, a gente perdeu algo como 15 mil assinantes, que alegaram estar cancelando por isso. Mas a gente não fez disso um problema. Para quem tem seis milhões de assinantes, 15 mil, ainda que a gente não quisesse perdê-los, saiu relativame­nte barato. Existem canais de conteúdo nacional, nesses novos?

Olha, eles são baseados no que os assinantes queriam e não havia demanda por canais nacionais. Mas tem canais que a Globo faz, tem novos canais de todos os tipos. Dentro de cada um, até por questão regulatóri­a e legal do Brasil, você tem que ter um pedaço de conteúdo nacional. Eles abrem oportunida­de para quem quer desenvolve­r conteúdo para cães no Dog TV, para o Home and Garden.

Mas o desafio hoje está muito mais nos recursos para que você produza conteúdo nacional

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