Folha de S.Paulo

CRÍTICA ‘Carros 3’ supera os dois primeiros longas

No melhor estilo Rocky Balboa, o herói vermelho de quatro rodas treina como nunca para superar novato hi-tech

- MARINA GALEANO

FOLHA

Seis anos depois, Relâmpago McQueen está de volta aos cinemas para se redimir do fiasco de “Carros 2” (2011).

O segundo filme da franquia foi sofrível. Overdose de ação, um amontoado de personagen­s, tramas banais que se embolavam. Exceto pelo capricho técnico caracterís­tico das animações da Pixar, nada se salvava ali. Mas agora a história é outra. Aliás, agora, existe uma boa história.

Ameaçado por uma nova geração de corredores, McQueen se vê mergulhado numa crise existencia­l sem precedente­s em “Carros 3”.

O astro da Copa Pistão já não é imbatível. A bola da vez tem nome e sobrenome: o potente Jackson Storm, novato hi-tech que faz qualquer adversário comer poeira.

E qual caminho seguir diante de um cenário tão adverso? Pendurar as calotas e se contentar com as lembranças de um passado vitorioso ou provar para o mundo —e para si mesmo— que é possível competir com os avanços da tecnologia?

No melhor estilo Rocky Balboa, o herói vermelho de quatro rodas não joga a toalha. Pelo contrário. Treina como nunca e revisita os ensinament­os de seu mentor e extécnico Doc Hudson, a eterna lenda das pistas.

Nessa jornada de autoconhec­imento, McQueen conta também com o incentivo do fiel e sempre engraçado amigo Mate e com a ajuda questionáv­el da jovem treinadora Cruz Ramirez.

Emoldurado por uma estética ainda mais apurada e cenários quase reais, “Carros 3” aposta numa narrativa madura, que consegue equilibrar humor, ação e emoção. É possível se comover com o drama de um Relâmpago à beira da aposentado­ria.

Uma proposta bastante semelhante à de filmes sobre ídolos do esporte em final de carreira. Porém, a diferença —e o maior acerto— é que o roteiro da animação escolhe um desfecho menos óbvio. Foge do clichê que impregna uma boa parte das histórias do gênero.

Embora não alcance o patamar dos grandes sucessos da Pixar, como “Toy Story” e “Procurando Nemo”, a terceira sequência de “Carros” fica muitas voltas à frente das anteriores. McQueen, de fato, faz as pazes com o público.

A dúvida é se, tal qual na ficção, ele vai saber a hora certa de parar —o que parece improvável. Consideran­do que os dois primeiros filmes da franquia arrecadara­m US$ 1 bilhão no mundo inteiro, não será surpresa alguma se Relâmpago McQueen resolver dar as caras pela quarta vez. (CARS 3) DIREÇÃO Brian Fee PRODUÇÃO EUA, 2016, livre QUANDO estreia nesta quinta (13) AVALIAÇÃO bom

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